segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Mindfulness e Psicoterapia

Sendo o que se é! – Mindfulness para Profissionais da Saúde, Coachings e Couselings


O campo de pesquisa sobre Mindfulness e suas aplicações terapêuticas não para de crescer. Assim Mindfulness se torna cada vez mais uma ferramenta poderosa e relevante para os profissionais da Saúde incluindo aqui Psicólogos e Terapeutas e também para Coachings e Cousellers.

À princípio Mindfulness foi muito aplicada na redução do stress e da depressão, mas a sua aplicação terapêutica tem se desenvolvido para além do Programa de 8 semanas e práticas em grupo atingindo as terapias individuais. São muitas as técnicas terapêuticas individuais que podem se aliar à Mindfulness no set psicoterapêutico.

Desenvolver a consciência de si e dos outros passa pelo processo de desenvolver uma qualidade de atenção, principalmente o nível de atenção plena que a Mindfulness proporciona e que muitas pesquisas científicas têm comprovado em eficácia ao longo de mais de 30 anos de pesquisas que culminam atualmente com descobertas sobre a importância de Mindfulness na Neuroplasticidade e outras mudanças importantes a nível fisiológico, o que nos permite perguntar aonde estas explorações irão nos levar?

A atenção plena está conectada com nossas atitudes e posturas, nosso modo de ser, esta pode ser uma das razões porque Mindfulness é tão eficaz terapeuticamente falando. O processo de Mindfulness junto com técnicas psicoterapêuticas permite que o indivíduo torne – se consciente de tudo o que está acontecendo no momento presente, conheça a natureza real dos fatos longe de seus pensamentos ruminantes e fantasias. Os praticantes disciplinados e devidamente acompanhados tornam – se hábeis em perceber seus padrões condicionados, desenvolvem uma percepção maior sobre as suas escolhas e tem uma aceitação melhor sobre como as coisas realmente são, conseguem manter um nível de relaxamento diante do caos de forma nunca antes experimentada. Melhoram ainda mais quando conseguem além da prática formal (na forma de meditação passiva) quanto na informal (uso da atenção plena durante as atividades habituais cotidianas). Deixam de viver segundo o condicionamento do piloto automático para uma forma de vida mais espontânea e livre do stress e das tensões que levam ao desenvolvimento de inúmeras doenças. No final o que mais se aprende é o conhecimento de si – mesmo criando uma intimidade com seus aspectos interiores.

É neste ponto que nasce dentro do praticante uma maior empatia e autocompaixão assim como mais compaixão e altruísmo para com os outros; já que o indivíduo ter uma consideração positiva por si – mesmo, de assumir seu estado de plenitude sendo quem realmente é sem as imposições dos padrões internos de medos e angustias mantendo-se atento ao que acontece no momento presente.

As Sete Atitudes

A prática disciplinada e diária da Mindfulness desenvolve sete atitudes segundo Jon Kabat Zinn, sete qualidades que sustentam a prática e geram consequências positivas:

1.    Não Julgamento – Uma maior abertura do fluxo interior da nossa consciência em relação às experiências exteriores parou de julgar e reagir automaticamente. Aprendemos o tempo de recuar e o tempo de avançar – nos tornamos uma testemunha imparcial das experiências;
2.    Paciência – Compreendemos que as coisas têm seu próprio tempo;
3.    Mente de Iniciante – Aumento da curiosidade. Surge um frescor, uma maior clareza e vitalidade diante das experiências do momento presente, aprendendo a olhar além dos preconceitos e padrões históricos pessoais.
4.    Confiança - O aumento da confiança vem pelos controles dos pensamentos e sentimentos. Mindfulness desenvolve um sentimento de testemunha, uma qualidade de observador das próprias experiências, e motiva a busca pela validade dos acontecimentos;
5.    Sem Esforço – O praticante de Mindfulness aprende a deixar as coisas serem do jeito que é. Tornando a meta da vida a aprendizagem de ser como se é!
6.    Cessação – Desenvolvimento da capacidade de reconhecer a origem e o fim de cada experiência, analisando e dando ênfase ao que realmente se faz necessário, deixando de agarrar o que agrada, de rejeitar o que desagrada, além de deixar de perpetuar as dificuldades.
7.    Aceitação – O praticante desenvolve uma abertura e vontade de ver as coisas como elas realmente são, no presente, aprendendo a agir de forma adequada momento a momento.

Além destas qualidades e novas capacidade, surge também uma maior energia e motivação com o compromisso, autodisciplina e intenção, que trás junto a perseverança e determinação para continuar investigando com mais profundidade e sem medos a sua própria historia e experiências pessoais.

O que o Terapeuta ganha com isso? Uma oportunidade de aplicar uma nova atitude profissional no processo terapêutico, trabalhando com o desenvolvimento da consciência do cliente, indo direto na experiência e não ficar a nível de pensamentos sobre a experiência. Usa um processo de investigação com foco particular na experimentar as sensações dentro do corpo, ir de forma mais profunda nos significados dos sintomas que se manifestam no corpo.

A prática disciplinada e diária de Mindfulness formal desenvolve a capacidade de aprender a “ler o clima interno” do próprio ser, e depois a relação com o outro. O terapeuta se torna consciente da forma como o cliente processa as experiências e oferece a ele uma maneira diferente de agir no momento presente longe dos comportamentos habituais, uma qualidade de presença “encarnada” no momento da experiência. Ao fazer isto surge a possibilidade de observar mais de perto o que está em processo de mudança emocional dentro do corpo e como isto responde ao ambiente e ao outro. Manter uma qualidade de presença incondicional, com bondade amorosa (Compaixão), sem julgamento para consigo mesmo e para com o outro é um estado cultivado pelos praticantes de Mindfulness, que tem motivado inúmeros estudos e novos processos terapêuticos como a Terapia Focada na Compaixão.

Mindfulness e a Aceitação

A prática de Mindfulness desenvolve uma abertura para a aceitação das coisas como elas realmente são, com todas as dores e alegrias que vêm junto com cada experiência. Aprendemos a manipular e julgar, a analisar e resolver os problemas de acordo com a nossa história pessoal, a busca para mudar este processo passa pelo desafio da mudança e pelo alívio do fardo estressante que este processo nos impõe.
Abrir espaço para a autocompaixão, é descobrir um potencial novo para fazer as coisas de forma diferente, mais consciente. Isto significa dar maior valor a necessidade de aprender a explorar as sensações físicas, os pensamentos e as emoções que experimentamos diante de cada momento. É estar aberto e receptivo a uma nova maneira de “ser” diante do campo de infinitas possibilidades que emergem quando estamos receptivos e atentos. É aqui que uma maior possibilita de cura se apresenta, também é aqui que aprendemos a ser mais resilientes.

Terapeutas que também são praticantes de Mindfulness aprendem a “estar junto” com o seu cliente quando ele expressa a tristeza e a dor. A qualidade da atenção plena  necessária dentro do set psicoterapêutico cresce de acordo com as formas com que respondemos e trabalhamos com todo o material que o cliente trás consigo, o processo terapêutico torna-se então poderoso e transformador, com uma qualidade de presença incondicional, uma escuta mais profunda e alerta, melhorando as trocas e a resolução das dificuldades.

Mindfulness pode trazer inúmeros benefícios, e em diferentes níveis. Como seres humanos somos vulneráveis, estamos sempre lutando com a nossa realidade, preocupados com o futuro e conectados com um passado que não existe mais, gastamos tempo, energia e esforço com tantos acontecimentos da vida diária que a tão sonhada felicidade passa ao largo sem que muitas vezes nem seja percebida. Se não tivermos um nível de atenção plena que nos permita perceber com clareza que forças subjacentes nos impulsionam em diferentes direções, muitas inúteis; não sairemos deste círculo vicioso de viver os mesmos desafios em diferentes proporções e momentos.


Por isto é tão relevante que aja um senso de comunhão das experiências entre terapeuta e cliente. Logico que o contexto e os detalhes das experiências são diferentes, afinal todos temos uma mente e uma consciência, todos sofremos. Isto nos ajuda a desenvolver uma perspectiva de estar no papel de ajudar, de sermos mais compassivos e altruístas.

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