sexta-feira, 31 de maio de 2013

Os Três Selos do Dharma



 As Escrituras Budistas
Os Três Selos do Dharmma
Sidartha Gautama  - Budha, ensinava aos seus discípulos na forma oral, ele mesmo não deixou nada escrito, e este costume antigo perdurou por muitos anos após a sua morte. Se passaram mais de três séculos para que seus ensinamentos fossem escritos na língua Pali, idioma com que Budha transmitia seus dharshans e hoje estes escritos são conhecidos como Pali Canon.
O Pali Canon consiste em três seções conhecidos como Tipitaka ( Tripitaka, em sânscrito), que significa literalmente – três cestas.
1.      O Vinaya Pitaka – Conhecido como o Livro de Disciplina, nele encontramos as regras da vida monástica ensinada pelo Budha.
2.       O Sutta Pitaka – É uma coletânea de discursos do Budha. Além dos ensinamentos essenciais, tem a própria experiência de iluminação do Budha e instruções sobre comportamento moral e meditação. Aqui encontramos o Dhammapada.
3.      O Abhidhamma Pitaka – Os Ensinos Superiores; aqui encontramos uma análise complexa da natureza da existência física e mental.
Para mim, os principais conceitos da Psicologia Budista sobre consciência estão contidos nestes ensinamentos  - Três Selos do Dharmma. Na tradição da Escola  do Budismo Theravada, todos os fenômenos relativos à consciência possuem três características básicas, e estão no Canon Pali como:
1.      AniccaA característica da Impermanência – Em Pali - Anicca significa a ausência de continuidade ou ausência de permanência. A impermanência é uma característica universal e é aplicada a todos os fenômenos do Cosmos, até mesmo as nossas experiências sensoriais. Todos os fenômenos aparecem e desaparecem no seu devido tempo. Tudo passa por constantes mudanças, tudo tem um princípio, um meio e fim. Assim também acontece com a nossa consciência. A transitoriedade é um processo natural e facilmente observável. Como disse o sábio grego, nunca cruzamos a mesma água do rio.
2.      DukkhaA característica do Sofrimento – Em Pali – Dukkha – significa tristeza, dor ou sofrimento. De acordo com Budha, a vida é marcada por esta característica que se manifesta de diversas formas. Podemos vê-la na tristeza dos desesperançados, na dor da partida, no sofrimento dos abandonados só para citar. Passamos da tristeza para a alegria, da felicidade ao sofrimento num único instante independente do nível da consciência. A simples a esperança de um mundo melhor e prova de que há um sofrimento aqui e outro ali, parece que sempre estamos esperando alguma coisa melhor em alguma área da vida e isso vale para todas as classes sociais. Não existe ninguém que não tenha tido algum tipo de sofrimento na vida, pois existe até mesmo a dor de ver o sofrimento de outros. E o sofrimento foi visto claramente pelo Budha logo no inicio de sua juventude. O sofrimento acontece no mundo todo e não é privilégio de uma classe social ou raça humana, o sofrimento é uma característica intrínseca a todo ser senciente. Porém Budha ensina que existe uma alternativa – a cessação do sofrimento.
3.     Anatta – A característica do Não-Eu – Em Pali - Anatta – significa algo próximo à ausência de alma, o que no Ocidente poderíamos traduzir como: Não – eu. O ensinamento sugere que nenhum ser senciente possui um eu permanente e imutável. O que a psicologia ocidental chama de Self, para o Budismo nada mais é que um complexo de formações mentais em constante mudança. E para Budha, Manas ou a consciência onde as formações mentais acontecem se apresenta como auto-imutável e permanente é a causa de muito sofrimento. Para o terceiro Selo cada evento que acontece em nossa vida é inevitável e incontrolável. E a grande maioria dos seres humanos responde aos eventos de forma automática, o que gera muito sofrimento. Porém Budha também ensina que não existe nenhum evento premeditado, nada está definido anteriormente.
O que nós somos e o que nos acontece são determinados pelo pensamento no momento presente, pelas formações mentais que surgem à medida que regamos suas sementes contidas em nossa consciência armazenadora, pela quantidade de energia que colocamos, mesmo que de forma inconsciente.
O Budismo da Escola Theravada ensina que um ser humano é uma energia em fluxo contínuo; a sua manifestação inclui os elementos mentais e físicos. A vida é um fenômeno psicofísico temporário. O surgimento de um estado psicofísico está condicionado por vários estados causais anteriores, e é a força da energia karmica de cada ser humano que une estes elementos. Assim este fluxo ininterrupto de fenômenos psicofísicos condicionado pelo karma, que não se limita somente a esta vida, tem sua origem no passado e terá continuidade no futuro. É a crença em uma alma imortal e a esperança em um paraíso no céu que mantém o ser humano num modo de vida automático, carregado de sofrimento, tristeza e dor que parecem não ter fim.

Referencias:
·         The Dharma Types: Secrets of the Five Ancient Castes that will Transform Your Life – Simon Chokosky –

·         Tantric Ethics: An Explanation of the Precepts for Buddhist Vajrayāna Practice - Tsong kha pa blo bzang

·         The Three Dharma Seals - www.abuddhistlibrary.com



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