sábado, 11 de julho de 2015

Meditação X Concentração X Atenção


A meditação é uma forma de equilíbrio mental. Com a prática cultivamos duas qualidades distintas da mente: Atenção Plena e Concentração. São duas qualidades que atuam juntas, por isto é muito importante que sejam desenvolvidas juntas e de forma equilibrada.  Se uma delas for reforçada à custa da outra, o resultado final fica perdido, e meditar realmente se torna impossível.
Concentração e atenção possuem distintas funções. Cada uma tem o seu próprio papel a desempenhar em uma prática meditativa, e a relação entre elas é definitiva e delicada. Concentração é também conhecida como a unidirecionalidade da mente.  Ela consiste em forçar a mente em permanecer focada em um ponto estático, um objeto ou um som por exemplo.  É uma atividade forçada. Pode ser desenvolvida pela força, a força de vontade incessantemente pura. Depois de aprendida e desenvolvida ela sem mantém com menos força. É a concentração  que alimenta a atenção, que a mantém fixa a um item se ele qual for. É a concentração que faz o trabalho definitivo de manter a atenção plena no objeto escolhido.  São parceiros, e sem esta aprceria a meditação se perde.
Podemos definir a concentração como sendo a capacidade da mente de se concentrar unicamente em um objeto sem interrupção (lembre-se isto não é meditação). A verdadeira concentração é uma forma saudável de manter a unidirecionalidade da mente, mas com certeza não é ela que causa a libertação. Manter o foco de forma ininterrupta em algo negativo ou que estimula emoções destrutivas não irá ajudar o praticante em nada, na verdade pode até ser prejudicial. A concentração  deve ser feita de forma livre de qualquer  coisa que a contamine, por isto no inicio do aprendizado é importante estar acompanhado de um instrutor com quem possa  escolher o melhor objeto. Mestres Budistas indicam que o melhor objeto é a nossa respiração. Através da concentração podemos  alcançar as profundezas da mente.
A busca pelo lugar perfeito para meditar é individual, monges preferem seus mosteiros ou uma floresta, ou uma caverna nos Himalaias.  Para nos concentrarmos de forma profunda certas condições especificas, pelo menos no inicio podem ser fundamentais, como a criação de um ambiente físico, emocionalmente libre de distrações. O desenvolvimento da concentração pode ser bloqueado pela presença de certos estados mentais que são conhecidos como os cinco obstáculos. São eles: ganância pelo prazer sexual, ódio, letargia mental, agitação e vacilação mental.
É por isto que um mosteiro é um ambiente controlado, nenhum membro do sexo oposto é autorizado a viver de forma conjunta. Os monges também não têm posses, não há disputas por propriedades, ganância e cobiça. Para nos concentrarmos de forma profunda devemos nos esquecer de todas as ninharias. Por isto que o recolhimento em alguns lugares facilita o aprendizado da meditação, enquanto que aprender a meditar ao mesmo tempo que se leva uma vida cotidiana agitada fica muito mais difícil. É bom saber que tem gente cuidando de você enquanto você está se dedicando a meditação.
Já a Atenção Plena, é livre de todos estes inconvenientes, não depende de qualquer circunstancia em particular, é apenas perceber o objeto escolhido de forma pura. A atenção plena não é limitada por qualquer condição. Todos nós temos em certa medida de atenção, em alguns momentos diários, e ela pode surgir sob qualquer circunstancia. Além disto, a atenção plena não tem objeto fixo em foco. É apenas uma observação.  A atenção pode ter um numero ilimitado de objetos a ser observado.  É como olhar para o que está se passando pela mente sem nada julgar ou classificar. As distrações e as interrupções são notadas com a mesma quantidade de atenção que os objetos escolhidos para meditar.  Em um estado de atenção plena, a atenção apenas flui junto com todas as mudanças que estão ocorrendo na mente.
Não desenvolvemos a atenção plena pela força.  Se forçarmos, impediremos nosso progresso no desenvolvimento da atenção. Atenção plena não pode ser cultivada pela luta. Ela simplesmente cresce, por percebermos as coisas como elas são, por deixarmos ir, apenas estabelecendo no momento de forma confortável com o que estamos enfrentando naquele momento.  A atenção plena não acontece por si só. Mas em vez de força, precisamos de energia e esforço. E esforço não é força.  É um esforço suave, um esforço sem esforço. Desenvolve-se a partir do momento que mantemos a consciência de tudo o que está acontecendo no momento de forma suave. Disciplina, persistência e um leve esforço são os segredos. Precisamos aprender a nos “puxar de volta ao momento” gentilmente, a nos mantermos conscientes do momento.
Não existe um “EU” quando estamos em um estado de atenção, não a um estado de egoísmo. É na atenção que temos uma perspectiva real de nós mesmos. É a atenção que permite que você possa concluir: Ah! Então é assim que eu realmente sou! Sim, você irá saber como você realmente é! Irá perceber seus comportamentos nocivos, suas mentiras (até aquelas que você conta para si mesmo sem se dar conta, o auto engano e a autosabotagem). Você vai ver o que realmente está por trás do Véu de Isis. A atenção plena leva à sabedoria.
Atenção não é para você conseguir nada. No momento em que você está no estado de atenção plena, desejo e aversão não estão envolvidos. Não há lugar para competição ou luta. Atenção plena não visa nada, ela somente permite que você veja o que está lá!

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