terça-feira, 30 de julho de 2013

A Riqueza e o Bhagavad Gita


Bhagavad Gita e a
Criação da Riqueza
O Texto sagrado Bhagavad Gita, o dinheiro, a espiritualidade Indiana e a criação das riquezas ainda parecem combinações estranhas entre si. Quando a fase do Moksha (Libertação) chega para um indiano é lhe dito que “dê o seu dinheiro e toda a sua riqueza e siga para as florestas ou para o Himalaia”. Afinal que precisa de riquezas para meditar em uma caverna no Himalaia ou ficar em meditação numa floresta?
Mas viver em uma sociedade voltado para a geração de riquezas e bens materiais, aquele que deseja ser orientado para a evolução de sua espiritualidade precisa continuar a gerar riqueza. E gerar riquezas e dinheiro através do esforço do trabalho diário não é nenhum pecado. A metáfora é que o dinheiro é como água – a água é essencial para a sobrevivência, mas também pode afogar a vida que a sustenta.
O Bhagavad Gita pode nos ajudara encontrar o equilíbrio – podemos gerar riquezas, podemos nos divertir com ela, sem nos afogarmos nela.
Para criar riquezas o cérebro tem que ser desafiado constantemente e nós temos que colocá-lo  em uso nos relacionamentos familiares, nos relacionamentos sociais e também no trabalho e nos  negócios. Isto tudo são as nossas realidades e quando estas realidades são colocadas em confronto muitos começam a tremer. Qualificações e habilidades são cobradas a todo o momento, seja no setor privado seja no setor governamental, parece impossível ter alguns momentos de renúncia seja para uma vida mais tranqüila, seja para dedicar-se à espiritualidade. algumas pessoas aprendem que tudo é Maya (Ilusão) e por alguns instantes abandonam em pensamento toda vida cotidiana e buscam por Deus na imaginação do Himalaia.
No Bhagavad Gita temos bem claro o exemplo de Arjuna – quando viu-se  confrontado com a realidade da vida de um Kshatrya (Casta do Guerreiro) na batalha de Kurukshetra, logo desejou ardentemente refugiar-se em meditação e na espiritualidade para não enfrentar a realidade da guerra. Krsna zombou de Arjuna quando viu que ele não conseguia encarar sua realidade.
A verdadeira espiritualidade ensinada neste momento para Arjuna é aquele praticada na realidade da vida e não nas cavernas do Himalaia ou nas florestas. Podemos aprender observando o perfil dos empreendedores de sucesso – a maioria deles enfrentou a realidade e abordou com clareza os desafios com a ousadia necessária. Eles não se refugiaram nas cavernas nem fugiram do destino.
Com a espiritualidade aprendemos que Krsna ou o Deus da fé do devoto não irá torná-lo automaticamente um multimilionário. Está forma de espiritualidade é produto da ignorância. Em nenhum momento Krsna quis lutar no lugar de Arjuna! Ao se apresentar como condutor da biga de Arjuna, Ele, Brahman, Deus, Espírito, Ser Supremo apenas afirmou que está como condutor no coração de cada ser. É o ser que tem que perceber o potencial escondido dentro de si ao interagir com as realidades da vida. No Sanatana Dharma, o Ser Supremo não está sentado numa cadeira de ouro no céu, Brahman na verdade existe em cada um de nós.
De nada adianta meditar, entoar Mantram, fazer preces, orações, ladainhas, promessas, se não conseguimos realizar a nossa potencialidade e trazê-la para a ação. Arjuna ficou pronto para a ação quando percebeu que Krsna estava nele.
Quando o individuo está pronto para agir pela realização de Krsna, Deus ou Brahman nele, o sucesso e a riqueza seguem automaticamente. Ou seja, quando a força espiritual que está escondida dentro é realizada, o individuo vence automaticamente a força física e a intelectual que podem estar faltando. Um exemplo deste ensinamento está na própria história de Gandhi – sua força espiritual o ajudou a dominar o Império Britânico.
Vemos muitas pessoas que não gostam de trabalhar, o fazem porque são forçados pelas circunstâncias e assim o fazem sem nenhum entusiasmo. A primeira coisa a fazer é apreciar o que se está fazendo, seja qual atividade for. Quando você faz o que tem que fazer desta forma você se sobressai.
É comum as pessoas trabalharem se preocupando com o que vai acontecer depois, no resultado, por exemplo: o garçom atende pensando na gorjeta, a empregada espera um reconhecimento da patroa, um jogador espera pensa no endosso. O resultado disto é que fazer o trabalho sem apreciá-lo pelo que ele é em si - mesmo no momento de sua execução, e é assim que todos os sonhos de dinheiro e riquezas são rompidos.
O Bhagavad Gita ensina:
“A ação, Dhananjaya, é bem inferior à Yoga do Conhecimento. Busca, pois, teu refúgio no conhecimento. Pobres almas miseráveis são aquelas que fazem do fruto de suas obras o objeto de seus pensamentos e atividade!” (Canto II.49)
o ego está sempre pensando no produto final e na necessidade de criar riquezas sem o esforço. É necessário colocar a alma e o coração em tudo o que se faz, isto é mais importante que entoar Mantram, do que fazer promessas ou ir a templos. Quando o individuo trabalha com o coração cheio de amor pelo que faz, ele está se entregando à sua potencialidade criativa e assim toca o Espírito que nele habita e como resultado experimenta a verdadeira espiritualidade. Tudo o mais se segue automaticamente.
Mas e se falhar? Falha é sinônimo de falta de autoconfiança. Inconscientemente pensa nos frutos do trabalho. Raramente se alcança o sucesso desejado já na primeira tentativa. É preciso aprender as variadas lições que o fracasso nos ensina. Cada fracasso é na verdade um passo em direção ao sucesso. Cada obra cria um resultado, por isso o indivíduo que se esforça no trabalho não deve ser apegar aos resultados.
E o Bhagavad Gita diz:
Neste mundo, o homem que possui o conhecimento se desembaraça das boas e más ações. Assim, aplica-te à Yoga. A Yoga é a capacidade de agir corretamente.” (Canto II.50)
Quando temos sucesso ficamos felizes, quando fracassamos ficamos infelizes. Mas como estava o nosso estado de espírito quando estávamos trabalhando? É nisto que Krsna se mostra interessado. Krsna pede a Arjuna que aproveite o momento e faça o trabalho de forma eficiente. Antes de tudo Arjuna deve pensar na primeira flecha que atingirá Bhishma e não sobre a última flecha que o atingirá. Pois cada seta enviada por Arjuna vai encontrar uma resposta de Bhishma e Arjuna terá que responder prontamente a todas as setas de seu inimigo antes de chegar à seta final.
Da mesma forma, cada momento que o ser tem que enfrentar os desafios, assumir novos riscos e de desfrutar cada momento, que ele se mova lentamente em direção ao sucesso, à vitória. E finalmente quando ele chegar ao pódio da vitória terá um sorriso porque provou o gozo da bem-aventurança.

Ao fazer uma ação, seja ela simples ou complexa estará enraizado em si – mesmo. O Bhagavad Gita chama uma pessoa assim de Sthiraprajna – uma pessoa de sabedoria constante e dono de uma autoconfiança que não pode ser abalada. Para criar riqueza e apreciá-la, o indivíduo precisa ser um – Sthiraprajna – e, em seguida, deve perceber que sua própria natureza é – FELICIDADE.









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