terça-feira, 21 de maio de 2013



Tara Verde
Por H.E. Chogye Trichen Rinpoche
Introdução
Tara Verde, é um ser iluminado no décimo segundo Bhumi ou fase de iluminação, ela capaz de cumprir todos os desejos dos seres sencientes.
A Deusa Tara é a manifestação da compaixão de todos os Budhas dos três tempos. Ela é também a Deusa que leva a cabo e realiza as atividades iluminadas dos Budhas. Houve incontáveis Budhas de outras aéons e era.
No princípio de nosso aéon, havia um Budha particular, seu nome era Mahavairochana. No tempo daquele Budha, havia um grande rei que teve uma filha cujo nome era MetokZay, Princesa Bela Flor.
A Princesa Bela Flor era muito devota, e praticava maravilhosas atividades para beneficiar outros seres. Quando ainda era menina, a Princesa Bela Flor fez vastos oferecimentos e muitas dedicações. Ela era generosa, corajosa, paciente e compassiva, praticava tudo com muita virtude em nome dos seres sensíveis.
Quando Buddha Vairochana perguntou para a Princesa Bela Flor o que ela mais desejava, qual era a intenção do seu coração, ela respondeu, “eu permanecerei neste mundo até que todo e o ultimo único ser seja liberado completamente.”
Foi uma surpresa para o Buddha, que nunca tinha ouvido qualquer um oferecer tal nobre aspiração, abnegada e corajosa. Com respeito aos sacrifícios dela, à sua virtude e às suas aspirações, e inspirado pelos desejos dela em nome dos seres sencientes, Buddha Vairochana proferiu espontaneamente a oração dos vinte e um elogios com Tara, um elogio para cada uma das vinte e uma qualidades de Tara.
Como resultado destes elogios falados por Vairochana, ficou-se sabendo que a Princesa Bela Flor era a emanação da Deusa Taea, que tinha nascido das lágrimas do abrigo da compaixão ou Chenrezig.
Avalokitswara Bodhisattva (Chenrezig) teve imensa compaixão por todos os outros seres vivos. Embora Ele se esforça-se incessantemente para ajudar os seres vivos, sentia grande tristeza por os seres continuavam caindo sem socorro nos reinos mais baixos como o Reino do Inferno. Ele viu que muito poucos seres estavam fazendo progresso no caminho para a Iluminação.
Em desespero absoluto, por compaixão insuportável, Avalokitswara chorou em angustia, enquanto rezava que seria melhor que o corpo Dele fosse destroçado em pedaços, desde que ele não podia cumprir a sua tarefa de salvar os seres vivos do sofrimento. Das suas lágrimas de compaixão, surgiu a Deusa Tara.
Ao surgir deste modo milagroso, Tara falou com Avalokitswara: “ Oh! Nobre, não abandone a tarefa sublime de beneficiar os seres sensíveis. Eu estive inspirada por eles e me alegrei em tudo com suas ações desinteressadas. Eu entendo os grandes sofrimentos que você sofreu. Mas talvez, se eu assumir a forma de uma Bodhisattva, com o nome de Tara, como uma contraparte sua, então isso poderia ajudá-lo em seus mais merecedores empenhos.
Ouvindo esta aspiração por Tara, Avolokitswara ficou cheio de uma coragem renovada de continuar os seus esforços em nome dos seres vivos, e ele e Tara foram santificados por Buddha Amitabha para os seus compromissos para o caminho do Bodhisattva neste momento.
Na ocasião, quando Avalokitswara clamou por desespero, o corpo dele partiu em mil pedaços. Buddha Amitabha abençoou seu corpo, de forma que Avalokitswara surgiu com uma nova forma: tinha onze cabeças e com mil braços, com um olho na palma de cada mão. E deste modo nós podemos ver a conexão íntima entre Avalokitswara e a Deusa Tara.
É dito que deste aquele tempo, quem recitar a oração das Vinte e Uma Taras proferida por Buddha Mahavairochana está seguro de receber benefícios incríveis. Buddha Vairochana tem o poder de cumprir todos os desejos de Avalokitswara. Buddha Vairochana pode geralmente cumprir todos os desejos que chegam até Ele.
Uma vez uma velha senhora veio até Buddha Vairochana. Ela era muito pobre e tinha uma filha extraordinariamente bonita. Sua filha tinha um admirador real que desejava a mão dela em matrimônio. Na Antiga Índia, se uma menina camponesa fosse – se casar com alguém da realeza, era o costume que a família da menina deveria prover pelo menos a jóia que a noiva usaria na cerimônia. A mulher velha não tinha meios para obter a jóia para a filha. Conta a lenda que a mulher tinha ouvido falar que Buddha Vairochana poderia conceder qualquer desejo, e assim ela pediu a ela. Ela prostrou-se diante do Buddha e perguntou se Ele poderia lhe dar alguma jóia, de forma que sua filha pudesse-se casar com o rei. Naquele momento, Buddha Vairochana estva no templo de Boddhi, em Bodhgaya.
Neste templo havia muitas imagens de Tara Verde. Como Ele não tinha nenhuma jóia própria para dar à pobre mãe, Ele pediu uma das imagens especiais de Tara Verde no templo de Bodhi para que ela se tornasse a coroa da futura rainha, agradando a mãe. Então a própria Deusa retirou a coroa da imagem e a apresentou ao Budha Vairochana, que pôde então ofereça-la à mãe.
A Deusa Tara Verde diz que ela não só vai dar aos seres sencientes tudo o que eles precisarem, mas que ela pode também acalmar cada um dos medos principais de todos os seres, tanto os medos internos como os externos.
Qualquer temor que os seres sencientes sofrerem, sempre que eles recitarem os Vinte e Um elogios a Tara Verde, ou somente recitando o mantra de dez sílabas – OM TARE TUTTARE TURE SWAHA – os seus medos seriam pacificados e todas as suas necessidades seriam garantidas e todos os seus desejos cumpridos.
Buddha Vairochana apareceu em um tempo antigo, muito anterior ao tempo de Shakyamuni Buddha. Também é dito que depois, em nossa própria era, o próprio Budha Shakyamuni falou a exata mesma oração, enquanto repetia as palavras do Buddha Vairochana. Isto é recontado na coleção de Kangyu nas palavras do Buddha.
Assim, Tara também é elogiada grandemente pelo próprio Buddha Shakyamuni. Deste modo, a oração  para as vinte e uma Taras traz imensa benção e poder. Incontáveis discípulos da Escola Mahayana cantam este elogio diariamente, sejam eles monges ordenados, sejam leigos praticantes, sejam jovens ou velhos, esta oração ressoa como um murmúrio constante nas bocas dos crentes, desde longo tempo antes do nosso presente aéon.
Em muitos tempos mais recentes, a Deusa Tara aparece como uma deidade meditacional para muitos dos maiores mestres da história budista, para grandes filósofos budistas, para Mahasiddhas, assim como em particular para os bem-amados Nagarjuna e Aryadeva. O praticante e pândita Chandragomim teve visões da Deusa Tara e reebeu uma transmissão direta de Tara.
Um dos maiores mestres indianos que tiveram papel muito importante na historia do Budismo, introduziu a prática da Deusa Tara no Tibet, foi o praticante bengali Atisha.
Atisha tinha sido convidado muitas vezes a visitar o Tibet, mas ele sempre tinha recusado, depois de ter ouvido falar da atitude e do clima severo do Tibet. Ele duvidou que pudesse ir lá e realmente ensinar Aos habitantes de lá o caminho do Dharma. O mestre indiano Atisha, era um grande devoto da Deusa Tara Verde, um dia antes de viajar ao Tibet, recebeu uma profecia da Deusa Tara.
Ela contou ao mestre Atisha que ele deveria ir para a terra das neves, pois lá ele seria como o Sol, iluminando os seres com os ensinamentos de Buddha, dispersando toda a escuridão.
Deste modo Atisha levaria um grande benefício aos seres sensíveis dos países do Norte. Tara contou a Atisha que lá ele conheceria um grande discípulo seu, um que seria na realidade uma emanação do próprio Avalokitswara. Ela profetizou que as atividades combinadas de Atisha e deste discípulo causariam o florescimento dos ensinamentos budistas em todos os lugares por milhares de anos.
Só depois de ouvir essas palavras proféticas faladas por Tara foi que Atisha cedeu aos seus julgamentos relativos ao Tibet e ao povo tibetano e viajou para lá. Embora Atisha enfrentasse algumas dificuldades iniciais no Tibet, por não encontrar tradutores qualificados e se encontrar em condições dificieis, no entanto, a tempo ele se reuniu com o discípulo profetizado por Tara – Dromtonpa.
Dromtonpa tornou-se o fundador da Escola Kadampa, que se tornou a fonte da qual as encarnações dos Dalai Lamas surgiram.
É pela influencia de Atisha que os ensinamentos da Deusa Tara Verde vieram a florescer no Tibet. Embora a tradição Nyingmapa já adorasse a Deusa em várias outras formas, isto não era tão amplamente difundido até que Atisha chegasse ao Tibet e propagasse o elogio às Vinte e Uma Taras.
Estas são algumas das bênçãos e presentes da Deusa Tara:
Chadragomim era outro dos grandes mestres indianos que tiveram um papel significante na propagação das tradições de Tara. Ele não era um monge, mas um Upasaka, um praticante secular que mantém os oito votos.
Devido a isto, o elogio para as Vinte e Uma Taras, o mantra dela e os rituais se espalharam a todas as escolas de Budismo do Tibet, as quais continuam confiando até hoje na prática meditativa em Tara. Há muitas historias de grandes mestres espirituais no Tibet que confiaram em Tara como sua deidade de meditação.
No décimo sexto século no Tibet havia um grande mestre chamado de Jonang Taranatha. “Tara” quer dizer sábio, e “natha” quer dizer protetor em sânscrito.
Era dito que ele estava em uma comunhão direta quase contínua com a própria Deusa Tara. Ele ,procurou tradições budistas indianas quando não havia quase nada do Buddhadharma na Índia, e era dito que tinha achado e recuperado muitas fontes de ensinamento de Dharma.
Taranatha escreveu uma elaborada história de Tara e das práticas dela, ele teve muito cuidado sobre datas e da identificação de diferentes mestres indianos que eram associados com a prática de Tara. Os escritos de Taranatha sobre a Deusa Tara sobrevivem nos trabalhos colecionados dele, e há traduções inglesas deste trabalho que incluem explicações dos Vinte e Um elogios a Deusa Tara.
Há mantras específicos para cada uma das vinte e uma formas da Deusa Tara. Podem ser invocadas formas mais especificas de Tara para obstáculos particulares ou medos, e a pessoa pode praticar deste modo uma vez que a pessoa recebe autorização e a transmissão dos vinte e um elogios a Tara.
Para fixar o benefício dessas bênçãos dos Buddhas, de Tara e de todos estes mestres, dizem que depois de receber a transmissão dos vinte e um elogios a Tara, a pessoa pode escolher recitar este elogio, ou recitar o Dharani longo – o mantra de Tara, ou até mesmo só recitar o mantra de dez sílabas de Tara.
A pessoa pode recitar qualquer um ou todos esses três modos, de manhã cedo, oi no meio do dia, ou mesmo no meio da noite. É dito que é especialmente importante e útil recitar estes sempre que a mente da pessoa estiver preocupada e não pode ser pacificada através de outros meios.
Uma pessoa cuja mente está muito preocupada pode falar sobre seus problemas com amigos, mas eles só permanecerão transtornados. Os amigos podem apoiar nosso ponto de vista e podem entender nossos medos, contudo não podem realizar nossos desejos. Até mesmo se eles são encorajadores e concordam conosco, nossos problemas ainda permanecem; só porque eles estão de acordo conosco não significa que eles podem nos ajudar verdadeiramente.
Por outro lado, qualquer devoto fiel que recite os Vinte e Um elogios a Tara, ou que entoe o Mantra Dharani ou mesmo o Mantra curto, sempre que estiver em crise, ou quando estiver sentindo que seus desejos ou necessidades estão sendo negadas, sentindo-se confusos; se neste momento pedirem a Tara, Ela irá curar os medos e suas tribulações.
Ela representa uma alternativa, uma resposta ordinária para as nossas dificuldades. Ela oferece o conforto e a solução que estamos buscando. A prática de Tara é ainda muito mais benéfica e efetiva quando feita nos centros de Dharma. Esses centros fazem Pujas ou rituais de oração à Deusa e conseguem muito sucesso e historias de realização. É a expansão dos ensinamentos de Budha sendo cumpridos! No entanto, alguns requisitos são necessários.
É de importância particular o treinamento em conduta ética. E a base para esta disciplina é a prática da virtude. Na prática, isto significa renunciar às dez ações não – virtuosas, que são:
1.   Matar;
2.   Roubar;
3.   Má conduta sexual;
4.   Mentir;
5.   Caluniar;
6.   Falar palavras severas;
7.   Ter pensamentos de avareza e cobiça;
8.   Fazer fofoca;
9.   Ter pensamento malicioso para prejudicar os outros;
10.                      Ter convicções enganosas e visões injustas.
As dez ações virtuosas do corpo, fala e mente surgem naturalmente quando a pessoa se contiver dos dez tipos de ações negativas. Conseqüentemente nós podemos ver que, abraçando a disciplina virtuosa, também podemos tomar o refúgio no Buddha. Nesta aproximação, quaisquer ações que você faz, elas serão todas como que oferecimentos corretos aos Buddhas. 
ELOGIO DAS VINTE E UMA TARAS


OM! JETSUNMA! PROSTERNAÇÕES À NOBRE TARE!
Prosternações à Nobre, que é rápida e corajosa; cujos olhos brilham e que nasce face-lótus do Senhor dos Três Mundos;
Prosternações a Ela, cuja luminosa face brilha com a luz de cem mil luas cheias de Outono, brilhante constelação de mil estrelas;
Prosternações para quem segura o lótus azul que purifica os três venenos e possui infinitas qualidades de doação, diligência, ética, paciência, meditação e paz;
Prosternações à Unisha dos Tatághatas, que conquista ilimitáveis vitórias e é servida pelos filhos dos conquistadores que atingiram as perfeições;
Prosternações a Ela, cujas letras TUTTARE e HUM, com sua luz poderosa, preenchem os sete mundos, beneficiando os seres;
Prosternações a Ela que é louvada por Shakra, Agni, Brahma, Vayu e Ishvara; em frente à qual assembléia de demônios, zombies, gandharvas e yákshas oferecem preces;
Prosternações a quem destrói o mágico poderes dos outros com os sons TRAT e PHÊT, pressionando com o pé direito curvado e o esquerdo estendido, brilhando com a luz flamejante do fogo;
Prosternações a Ture, a terrível, que conquista a totalidade dos ferozes demônios, cuja face-lótus em disposição irada mata os inimigos todos;
Prosternações a Ela, a mão esquerda posta no coração, no gesto que simboliza as Três Jóias, as palmas adornadas com a Roda Universal, radiação que conquista turbulências e obstáculos;
Prosternações à grande jubilosa, sobre cuja cabeça o rosário de coruscantes luzes; e rindo-se, rindo-se fortemente controla os demônios e o mundo com TUTTARA;
Prosternações a Ela, que tem o poder de subordinar a inteira assembléia dos protetores da terra; e resgata completamente os destituídos com o irado movimento da letra HUM;
Prosternações a quem tem a lua crescente como ornamento na cabeça e brilha com vários outros adereços, sobre cujo coque dos cabelos está Amitabha de onde partem contínuas luzes;
Prosternações a Ela, dentro de guirlanda qual no fogo do fim dos mundos, com isso dominando o exército sitiante dos inimigos da felicidade, com a perna direita estendida e a perna esquerda dobrada;
Prosternações a Ela, cuja mão esquerda em mudra ameaçador golpeia a terra de modo irado, com a letra HUNG abrandando os sete tipos de seres;
Prosternações a Ela, abençoada, virtuosa, serena; seu campo de prática é o calmo Nirvana, possuidora de SVAHA e OM, destruindo as grandes ações prejudiciais;
Prosternações a Ela, que destrói os inimigos sitiantes da felicidade, que libera com a formulação do mantra de dez letras e HUNG;
Prosternações a Ela, TURE, que bate o pé com a sílaba HUNG, sacudindo o monte Mandara, Vindhya e os três mundos;
Prosternações a Ela, que segura a lebre-marcada lua, assumindo a forma do lago das deusas; no refrigério da lua os três venenos são purificados quando pronuncia duas TARAS e a letra PHÊT;
Prosternações a Ela, servida pelo rei dos deuses, pelos deuses, pelos homens e por todos; dissolve as brigas e maus sonhos com a armadura encantadora e brilhante;
Prosternações a Ela, cujos dois olhos - o sol e a lua - iluminam com raios que removem as piores doenças, proferindo uma vez TUTTARA e duas vezes HARA;
Prosternações a Ela, que possui a força tranqüila das três jóias, destrói os maus espíritos e a caminhante morte... TURE, a excelente senhora!

Esta é prática do mantra-raiz Com as vinte- e - umas prosternações.
ORAÇÃO À DEUSA TARA
Lembre-se agora de algum pedido especial que você deseja fazer - sucesso nas suas atividades espirituais ou mundanas, saúde e vida longa para seus parentes, amigos ou você mesmo, ou qualquer outra coisa que você deseje. Com essas necessidades em mente, recite a oração curta a Tara tantas vezes quantas puder, sentado ou realizando prostrações.

Om, eu e todos nos prostramos diante da libertadora, da completamente realizada, sublime subjugadora.
Prostro-me diante da gloriosa mãe que liberta com tare;
Vós sois a mãe que elimina todos os medos com tuttare;
Vós sois a mãe que concede todo o sucesso com ture;
A soha e às outras sílabas oferecemos a mais eminente homenagem.

Referências:
http://www.kslm.org.br










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