Tara
Verde
Por H.E. Chogye Trichen Rinpoche
Introdução
Tara Verde, é um ser iluminado no décimo segundo Bhumi ou fase de
iluminação, ela capaz de cumprir todos os desejos dos seres sencientes.
A Deusa Tara é a manifestação da compaixão de todos os Budhas dos
três tempos. Ela é também a Deusa que leva a cabo e realiza as atividades
iluminadas dos Budhas. Houve incontáveis Budhas de outras aéons e era.
No princípio de nosso aéon, havia um Budha particular, seu nome
era Mahavairochana. No tempo daquele Budha, havia um grande rei que teve uma
filha cujo nome era MetokZay, Princesa Bela Flor.
A Princesa Bela Flor era muito devota, e praticava maravilhosas
atividades para beneficiar outros seres. Quando ainda era menina, a Princesa
Bela Flor fez vastos oferecimentos e muitas dedicações. Ela era generosa,
corajosa, paciente e compassiva, praticava tudo com muita virtude em nome dos
seres sensíveis.
Quando Buddha Vairochana perguntou para a Princesa Bela Flor o que
ela mais desejava, qual era a intenção do seu coração, ela respondeu, “eu
permanecerei neste mundo até que todo e o ultimo único ser seja liberado
completamente.”
Foi uma surpresa para o Buddha, que nunca tinha ouvido qualquer um
oferecer tal nobre aspiração, abnegada e corajosa. Com respeito aos sacrifícios
dela, à sua virtude e às suas aspirações, e inspirado pelos desejos dela em
nome dos seres sencientes, Buddha Vairochana proferiu espontaneamente a oração
dos vinte e um elogios com Tara, um elogio para cada uma das vinte e uma
qualidades de Tara.
Como resultado destes elogios falados por Vairochana, ficou-se
sabendo que a Princesa Bela Flor era a emanação da Deusa Taea, que tinha
nascido das lágrimas do abrigo da compaixão ou Chenrezig.
Avalokitswara Bodhisattva (Chenrezig) teve imensa compaixão por
todos os outros seres vivos. Embora Ele se esforça-se incessantemente para
ajudar os seres vivos, sentia grande tristeza por os seres continuavam caindo
sem socorro nos reinos mais baixos como o Reino do Inferno. Ele viu que muito
poucos seres estavam fazendo progresso no caminho para a Iluminação.
Em desespero absoluto, por compaixão insuportável, Avalokitswara
chorou em angustia, enquanto rezava que seria melhor que o corpo Dele fosse
destroçado em pedaços, desde que ele não podia cumprir a sua tarefa de salvar
os seres vivos do sofrimento. Das suas lágrimas de compaixão, surgiu a Deusa
Tara.
Ao surgir deste modo milagroso, Tara falou com Avalokitswara: “
Oh! Nobre, não abandone a tarefa sublime de beneficiar os seres sensíveis. Eu
estive inspirada por eles e me alegrei em tudo com suas ações desinteressadas.
Eu entendo os grandes sofrimentos que você sofreu. Mas talvez, se eu assumir a
forma de uma Bodhisattva, com o nome de Tara, como uma contraparte sua, então
isso poderia ajudá-lo em seus mais merecedores empenhos.
Ouvindo esta aspiração por Tara, Avolokitswara ficou cheio de uma
coragem renovada de continuar os seus esforços em nome dos seres vivos, e ele e
Tara foram santificados por Buddha Amitabha para os seus compromissos para o
caminho do Bodhisattva neste momento.
Na ocasião, quando Avalokitswara clamou por desespero, o corpo
dele partiu em mil pedaços. Buddha Amitabha abençoou seu corpo, de forma que
Avalokitswara surgiu com uma nova forma: tinha onze cabeças e com mil braços,
com um olho na palma de cada mão. E deste modo nós podemos ver a conexão íntima
entre Avalokitswara e a Deusa Tara.
É dito que deste aquele tempo, quem recitar a oração das Vinte e
Uma Taras proferida por Buddha Mahavairochana está seguro de receber benefícios
incríveis. Buddha Vairochana tem o poder de cumprir todos os desejos de
Avalokitswara. Buddha Vairochana pode geralmente cumprir todos os desejos que
chegam até Ele.
Uma vez uma velha senhora veio até Buddha Vairochana. Ela era
muito pobre e tinha uma filha extraordinariamente bonita. Sua filha tinha um
admirador real que desejava a mão dela em matrimônio. Na Antiga Índia, se uma
menina camponesa fosse – se casar com alguém da realeza, era o costume que a
família da menina deveria prover pelo menos a jóia que a noiva usaria na
cerimônia. A mulher velha não tinha meios para obter a jóia para a filha. Conta
a lenda que a mulher tinha ouvido falar que Buddha Vairochana poderia conceder
qualquer desejo, e assim ela pediu a ela. Ela prostrou-se diante do Buddha e
perguntou se Ele poderia lhe dar alguma jóia, de forma que sua filha pudesse-se
casar com o rei. Naquele momento, Buddha Vairochana estva no templo de Boddhi,
em Bodhgaya.
Neste templo havia muitas imagens de Tara Verde. Como Ele não
tinha nenhuma jóia própria para dar à pobre mãe, Ele pediu uma das imagens
especiais de Tara Verde no templo de Bodhi para que ela se tornasse a coroa da
futura rainha, agradando a mãe. Então a própria Deusa retirou a coroa da imagem
e a apresentou ao Budha Vairochana, que pôde então ofereça-la à mãe.
A Deusa Tara Verde diz que ela não só vai dar aos seres sencientes
tudo o que eles precisarem, mas que ela pode também acalmar cada um dos medos
principais de todos os seres, tanto os medos internos como os externos.
Qualquer temor que os seres sencientes sofrerem, sempre que eles
recitarem os Vinte e Um elogios a Tara Verde, ou somente recitando o mantra de
dez sílabas – OM TARE TUTTARE TURE SWAHA – os seus medos seriam pacificados e
todas as suas necessidades seriam garantidas e todos os seus desejos cumpridos.
Buddha Vairochana apareceu em um tempo antigo, muito anterior ao
tempo de Shakyamuni Buddha. Também é dito que depois, em nossa própria era, o
próprio Budha Shakyamuni falou a exata mesma oração, enquanto repetia as
palavras do Buddha Vairochana. Isto é recontado na coleção de Kangyu nas
palavras do Buddha.
Assim, Tara também é elogiada grandemente pelo próprio Buddha
Shakyamuni. Deste modo, a oração para as
vinte e uma Taras traz imensa benção e poder. Incontáveis discípulos da Escola
Mahayana cantam este elogio diariamente, sejam eles monges ordenados, sejam
leigos praticantes, sejam jovens ou velhos, esta oração ressoa como um murmúrio
constante nas bocas dos crentes, desde longo tempo antes do nosso presente
aéon.
Em muitos tempos mais recentes, a Deusa Tara aparece como uma
deidade meditacional para muitos dos maiores mestres da história budista, para
grandes filósofos budistas, para Mahasiddhas, assim como em particular para os
bem-amados Nagarjuna e Aryadeva. O praticante e pândita Chandragomim teve
visões da Deusa Tara e reebeu uma transmissão direta de Tara.
Um dos maiores mestres indianos que tiveram papel muito importante
na historia do Budismo, introduziu a prática da Deusa Tara no Tibet, foi o
praticante bengali Atisha.
Atisha tinha sido convidado muitas vezes a visitar o Tibet, mas
ele sempre tinha recusado, depois de ter ouvido falar da atitude e do clima
severo do Tibet. Ele duvidou que pudesse ir lá e realmente ensinar Aos
habitantes de lá o caminho do Dharma. O mestre indiano Atisha, era um grande
devoto da Deusa Tara Verde, um dia antes de viajar ao Tibet, recebeu uma
profecia da Deusa Tara.
Ela contou ao mestre Atisha que ele deveria ir para a terra das
neves, pois lá ele seria como o Sol, iluminando os seres com os ensinamentos de
Buddha, dispersando toda a escuridão.
Deste modo Atisha levaria um grande benefício aos seres sensíveis
dos países do Norte. Tara contou a Atisha que lá ele conheceria um grande
discípulo seu, um que seria na realidade uma emanação do próprio Avalokitswara.
Ela profetizou que as atividades combinadas de Atisha e deste discípulo
causariam o florescimento dos ensinamentos budistas em todos os lugares por
milhares de anos.
Só depois de ouvir essas palavras proféticas faladas por Tara foi
que Atisha cedeu aos seus julgamentos relativos ao Tibet e ao povo tibetano e
viajou para lá. Embora Atisha enfrentasse algumas dificuldades iniciais no
Tibet, por não encontrar tradutores qualificados e se encontrar em condições
dificieis, no entanto, a tempo ele se reuniu com o discípulo profetizado por
Tara – Dromtonpa.
Dromtonpa tornou-se o fundador da Escola Kadampa, que se tornou a
fonte da qual as encarnações dos Dalai Lamas surgiram.
É pela influencia de Atisha que os ensinamentos da Deusa Tara
Verde vieram a florescer no Tibet. Embora a tradição Nyingmapa já adorasse a
Deusa em várias outras formas, isto não era tão amplamente difundido até que
Atisha chegasse ao Tibet e propagasse o elogio às Vinte e Uma Taras.
Estas são algumas das bênçãos e presentes da Deusa Tara:
Chadragomim era outro dos grandes mestres indianos que tiveram um
papel significante na propagação das tradições de Tara. Ele não era um monge,
mas um Upasaka, um praticante secular que mantém os oito votos.
Devido a isto, o elogio para as Vinte e Uma Taras, o mantra dela e
os rituais se espalharam a todas as escolas de Budismo do Tibet, as quais
continuam confiando até hoje na prática meditativa em Tara. Há muitas historias
de grandes mestres espirituais no Tibet que confiaram em Tara como sua deidade
de meditação.
No décimo sexto século no Tibet havia um grande mestre chamado de
Jonang Taranatha. “Tara” quer dizer sábio, e “natha” quer dizer protetor em
sânscrito.
Era dito que ele estava em uma comunhão direta quase contínua com
a própria Deusa Tara. Ele ,procurou tradições budistas indianas quando não
havia quase nada do Buddhadharma na Índia, e era dito que tinha achado e
recuperado muitas fontes de ensinamento de Dharma.
Taranatha escreveu uma elaborada história de Tara e das práticas
dela, ele teve muito cuidado sobre datas e da identificação de diferentes
mestres indianos que eram associados com a prática de Tara. Os escritos de
Taranatha sobre a Deusa Tara sobrevivem nos trabalhos colecionados dele, e há
traduções inglesas deste trabalho que incluem explicações dos Vinte e Um
elogios a Deusa Tara.
Há mantras específicos para cada uma das vinte e uma formas da
Deusa Tara. Podem ser invocadas formas mais especificas de Tara para obstáculos
particulares ou medos, e a pessoa pode praticar deste modo uma vez que a pessoa
recebe autorização e a transmissão dos vinte e um elogios a Tara.
Para fixar o benefício dessas bênçãos dos Buddhas, de Tara e de
todos estes mestres, dizem que depois de receber a transmissão dos vinte e um
elogios a Tara, a pessoa pode escolher recitar este elogio, ou recitar o
Dharani longo – o mantra de Tara, ou até mesmo só recitar o mantra de dez
sílabas de Tara.
A pessoa pode recitar qualquer um ou todos esses três modos, de
manhã cedo, oi no meio do dia, ou mesmo no meio da noite. É dito que é
especialmente importante e útil recitar estes sempre que a mente da pessoa
estiver preocupada e não pode ser pacificada através de outros meios.
Uma pessoa cuja mente está muito preocupada pode falar sobre seus
problemas com amigos, mas eles só permanecerão transtornados. Os amigos podem
apoiar nosso ponto de vista e podem entender nossos medos, contudo não podem
realizar nossos desejos. Até mesmo se eles são encorajadores e concordam
conosco, nossos problemas ainda permanecem; só porque eles estão de acordo
conosco não significa que eles podem nos ajudar verdadeiramente.
Por outro lado, qualquer devoto fiel que recite os Vinte e Um
elogios a Tara, ou que entoe o Mantra Dharani ou mesmo o Mantra curto, sempre
que estiver em crise, ou quando estiver sentindo que seus desejos ou
necessidades estão sendo negadas, sentindo-se confusos; se neste momento
pedirem a Tara, Ela irá curar os medos e suas tribulações.
Ela representa uma alternativa, uma resposta ordinária para as
nossas dificuldades. Ela oferece o conforto e a solução que estamos buscando. A
prática de Tara é ainda muito mais benéfica e efetiva quando feita nos centros
de Dharma. Esses centros fazem Pujas ou rituais de oração à Deusa e conseguem
muito sucesso e historias de realização. É a expansão dos ensinamentos de Budha
sendo cumpridos! No entanto, alguns requisitos são necessários.
É de importância particular o treinamento em conduta ética. E a
base para esta disciplina é a prática da virtude. Na prática, isto significa
renunciar às dez ações não – virtuosas, que são:
1.
Matar;
2.
Roubar;
3.
Má conduta
sexual;
4.
Mentir;
5.
Caluniar;
6.
Falar
palavras severas;
7.
Ter
pensamentos de avareza e cobiça;
8.
Fazer
fofoca;
9.
Ter
pensamento malicioso para prejudicar os outros;
10.
Ter
convicções enganosas e visões injustas.
As dez ações virtuosas do corpo, fala e mente surgem naturalmente
quando a pessoa se contiver dos dez tipos de ações negativas. Conseqüentemente
nós podemos ver que, abraçando a disciplina virtuosa, também podemos tomar o
refúgio no Buddha. Nesta aproximação, quaisquer ações que você faz, elas serão
todas como que oferecimentos corretos aos Buddhas.
ELOGIO
DAS VINTE E UMA TARAS
OM! JETSUNMA! PROSTERNAÇÕES À NOBRE TARE!
Prosternações à Nobre, que é rápida e corajosa; cujos olhos brilham e que nasce face-lótus do Senhor dos Três Mundos;
Prosternações a Ela, cuja luminosa face brilha com a luz de cem mil luas cheias de Outono, brilhante constelação de mil estrelas;
Prosternações para quem segura o lótus azul que purifica os três venenos e possui infinitas qualidades de doação, diligência, ética, paciência, meditação e paz;
Prosternações à Unisha dos Tatághatas, que conquista ilimitáveis vitórias e é servida pelos filhos dos conquistadores que atingiram as perfeições;
Prosternações a Ela, cujas letras TUTTARE e HUM, com sua luz poderosa, preenchem os sete mundos, beneficiando os seres;
Prosternações a Ela que é louvada por Shakra, Agni, Brahma, Vayu e Ishvara; em frente à qual assembléia de demônios, zombies, gandharvas e yákshas oferecem preces;
Prosternações a quem destrói o mágico poderes dos outros com os sons TRAT e PHÊT, pressionando com o pé direito curvado e o esquerdo estendido, brilhando com a luz flamejante do fogo;
Prosternações a Ture, a terrível, que conquista a totalidade dos ferozes demônios, cuja face-lótus em disposição irada mata os inimigos todos;
Prosternações a Ela, a mão esquerda posta no coração, no gesto que simboliza as Três Jóias, as palmas adornadas com a Roda Universal, radiação que conquista turbulências e obstáculos;
Prosternações à grande jubilosa, sobre cuja cabeça o rosário de coruscantes luzes; e rindo-se, rindo-se fortemente controla os demônios e o mundo com TUTTARA;
Prosternações a Ela, que tem o poder de subordinar a inteira assembléia dos protetores da terra; e resgata completamente os destituídos com o irado movimento da letra HUM;
Prosternações a quem tem a lua crescente como ornamento na cabeça e brilha com vários outros adereços, sobre cujo coque dos cabelos está Amitabha de onde partem contínuas luzes;
Prosternações a Ela, dentro de guirlanda qual no fogo do fim dos mundos, com isso dominando o exército sitiante dos inimigos da felicidade, com a perna direita estendida e a perna esquerda dobrada;
Prosternações a Ela, cuja mão esquerda em mudra ameaçador golpeia a terra de modo irado, com a letra HUNG abrandando os sete tipos de seres;
Prosternações a Ela, abençoada, virtuosa, serena; seu campo de prática é o calmo Nirvana, possuidora de SVAHA e OM, destruindo as grandes ações prejudiciais;
Prosternações a Ela, que destrói os inimigos sitiantes da felicidade, que libera com a formulação do mantra de dez letras e HUNG;
Prosternações a Ela, TURE, que bate o pé com a sílaba HUNG, sacudindo o monte Mandara, Vindhya e os três mundos;
Prosternações a Ela, que segura a lebre-marcada lua, assumindo a forma do lago das deusas; no refrigério da lua os três venenos são purificados quando pronuncia duas TARAS e a letra PHÊT;
Prosternações a Ela, servida pelo rei dos deuses, pelos deuses, pelos homens e por todos; dissolve as brigas e maus sonhos com a armadura encantadora e brilhante;
Prosternações a Ela, cujos dois olhos - o sol e a lua - iluminam com raios que removem as piores doenças, proferindo uma vez TUTTARA e duas vezes HARA;
Prosternações a Ela, que possui a força tranqüila das três jóias, destrói os maus espíritos e a caminhante morte... TURE, a excelente senhora!
Esta é prática do mantra-raiz Com as vinte- e - umas prosternações.
Lembre-se
agora de algum pedido especial que você deseja fazer - sucesso nas suas
atividades espirituais ou mundanas, saúde e vida longa para seus parentes,
amigos ou você mesmo, ou qualquer outra coisa que você deseje. Com essas
necessidades em mente, recite a oração curta a Tara tantas vezes quantas puder,
sentado ou realizando prostrações.
Om, eu e todos nos prostramos diante da libertadora, da completamente realizada, sublime subjugadora.
Prostro-me diante da gloriosa mãe que liberta com tare;
Vós sois a mãe que elimina todos os medos com tuttare;
Vós sois a mãe que concede todo o sucesso com ture;
A soha e às outras sílabas oferecemos a mais eminente homenagem.
Referências:
http://www.kslm.org.br
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