terça-feira, 7 de maio de 2013


As Três Reverências
 Estes ensinamentos foram retirados do Livro de Tcich Nhat Hanh –“Ensinamentos Sobre o Amor”.

As três reverências são também conhecidas como os “Os Três Toques da Terra”. Esta prática nos ajuda a retornar à Terra e às nossas raízes espirituais e de sangue, restabelece a comunicação e as nossas conexões.
Primeira Reverência
Tocando a terra, conecto-me aos meus ancestrais e aos descendentes das minhas duas famílias; a espiritual e a de sangue. Meus antepassados espirituais são o Budha, os Bodhisattvas, o nobre Sangha de discípulos, (pode incluir outros nomes que você desejar) e meus próprios mestres espirituais ainda vivos ou falecidos. Eles estão presentes dentro de mim porque me transmitiram sementes de paz, sabedoria, amor e felicidade. Despertaram em mim os meios da compreensão e da solidariedade. Quando olho para os meus antepassados espirituais, vejo aqueles que são perfeitos na prática dos preceitos, da compreensão e da solidariedade e também os que não atingiram a plena perfeição. Aceito todos eles, pois reconheço que possuo imperfeições e fraquezas. Consciente de que nem sempre sou perfeito na prática dos preceitos e que nem sempre sou compreensivo e compassivo como gostaria de ser, abro meu coração e aceito todos os meus descendentes espirituais. Alguns deles praticam os preceitos, a compreensão e a solidariedade  de um modo que inspira confiança e respeito, mas existem também os que encontram muitas dificuldades e estão constantemente sujeitos a altos e baixos na sua prática.

Da mesma maneira, aceito todos os meus antepassados maternos e paternos. Aceito todas as usas boas qualidade e ações virtuosas, bem como todas as suas fraquezas. Meus antepassados e descendentes espirituais e de sangue fazem, todos eles, parte de mim. Eu sou eles e eles são eu. Não tenho um  eu separado. Tudo existe como parte de uma maravilhosa corrente de vida que está em constante movimento.

Segunda Reverência
Tocando a terra, conecto-me a todas as pessoas e a todas as espécies que estão vivas neste momento, neste mundo comigo. Sou um com o maravilhoso padrão de vida que se irradia em todas as direções. Sinto a estreita conexão existente entre mim e os outros – sinto como todos nós compartilhamos felicidade e sofrimento.

Sou um também com aqueles que nasceram deficientes ou que foram incapacitados em decorrência de guerras, acidentes ou doenças. Sou um com os que foram subjugados em uma situação de guerra e opressão. Sou um também com os que foram não encontram a felicidade familiar, que não têm raízes e nem paz de espírito, que têm sede de compreensão e amor, que estão a procura de algo bonito, sadio e verdadeiro a que possam abraçar e em que possam acreditar. Sou alguém prestes a morrer, que está com muito medo e não sabe o que vai acontecer. Sou ao mesmo tempo a criança que vive em um lugar onde existe miséria e doença, cujos braços e pernas se assemelham a gravetos e que não têm futuro. Sou o fabricante de bombas que são vendidas aos países pobres. Sou o sapo nadando no lago e sou também a cobra que precisa do corpo do sapo para alimentar seu próprio corpo. Sou a lagarta e a formiga que o pássaro está procurando para comer. E sou também o pássaro que está procurando a lagarta e a formiga. Sou a floresta que está sendo devastada. Sou os rios e o ar que estão sendo poluídos e sou a pessoa que derruba a floresta e polui os rios e o ar. Vejo a mim mesmo em todas as espécies e também vejo todas as espécies em mim.

Terceira Reverência
Tocando a terra, abandona a ideia

 de que sou esse corpo e de que meu tempo de vida é limitado. Compreendo que este corpo, constituído de quatro elementos, de fato não me representa e nem me limita. Faço parte de uma corrente de vida de ancestrais espirituais e antepassados de sangue que, por milhares de anos, vem fluindo no presente e assim continuará por milhares de anos no futuro. Sou um só com meus ancestrais, com todos os povos e todas as espécies, sejam pacíficos e destemidos, sejam sofredores e amedrontados. Neste exato momento, estou em toda parte deste planeta. Estou presente também no passado e no futuro. A desintegração deste corpo não me altera, do mesmo modo que, quando as flores da ameixeira caem, isso não significa o fim desta árvore. Vejo-me como uma onda na superfície do oceano, minha natureza é a água do oceano. Estou em todas as outras ondas, e todas as outras ondas estão em mim. O aparecimento e desaparecimento da forma da onda não afetam o oceano. Meu corpo de Dharma e a sabedoria da vida não estão sujeitos ao nascimento e à morte. Vejo – me presente antes mesmo da manifestação do meu corpo físico e depois da sua desintegração. Mesmo nesse momento, vejo como também existo em outro lugar que não é este corpo. Setenta ou oitenta anos não é meu tempo de vida. Meu período de vida, como o de uma folha ou de um Budha, não tem limite. Eu já ultrapassei a idéia de que sou um corpo separado no espaço e no tempo das demais formas de vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário