Um
guia prático para a Meditação do Budismo Mahayana
As Seis Perfeições ou Seis Paramitas,
são guias para a prática meditativa do Budismo Mahayana. São virtudes a serem
cultivadas para fortalecer a prática e levar o ser à Iluminação.
As Seis Perfeições descrevem a verdadeira natureza de um Ser
Iluminado, ou seja, estas Seis
Perfeições são a nossa verdadeira natureza. Ao estudá-las pode parecer que
estamos falando das Perfeições de outra pessoa, que as possuímos, mas as
perfeições estão obscurecidas pela nossa ilusão, ira, ganância e medo. À
medida, que nos dedicamos a cultivar essas Perfeições, passamos a expressar a
nossa verdadeira natureza.
Origem das Paramitas
Existem três listas diferentes de Paramitas no Budismo. Existem as
Dez Paramitas do Budismo Theravada. O Budismo Mahayana listou seis a partir dos
Sutras Mahayana, o que inclui o Sutra do Lotus e o Sutra da Grande Perfeição na
Sabedoria (Astasahasrika Prajnaparamita).
É neste ultimo texto que u m discípulo pergunta ao Budha: “Quantas
são as bases para o treinamento daqueles que buscam a Iluminação?” Ao que Budha
respondeu: “Existem seis: Generosidade, Moralidade, Paciencia, Energia,
Meditação e Sabedoria”. Mais tarde, monges do Budismo Mahayana acrescentaram
mais quatro perfeições: Meios Hábeis (Upaya), Aspiração, Poder Espiritual e
Conhecimento – para totalizar Dez Perfeições. Mas a lista mais encontrada é a
lista com Seis Perfeições.
As Seis Perfeições na prática
Seis Perfeições estão
interconectadas, mas a ordem das Perfeições é muito significativa. Por exemplo,
as três primeiras Perfeições – Generosidade, Moralidade e Paciência – são
praticas normais de qualquer ser humano. As três últimas – Energia ou Zelo,
Meditação e Sabedoria – são mais específicas para os praticantes espirituais
mais avançados.
As Seis Perfeições
1.
Dana Paramita – Perfeição da Generosidade
Os textos budistas ensinam que esta Perfeição é a porta de entrada
para o Dharma. Generosidade é o começo do Caminho do Bodhicitta, ou seja , o
desejo de realizar a Iluminação de todos os seres, o que é extremamente
importante na Escola Mahayana.
Dana Paramita é a verdadeira generosidade do espírito. É dar pelo
desejo sincero de beneficiar os outros, sem expectativa de recompensa,
reconhecimento, gratidão ou acumulo de mérito. Não é nenhum ato egóico. Aquele
que faz uma caridade para “sentir-se bem consigo mesmo” não pratica a
verdadeira Dana Paramita.
2.
Sila Paramita – Perfeição da Moralidade
A Moralidade do ponto de vista budista não é a obediência
inquestionável a uma lista de regras. Existem no Budismo os Preceitos, que
servem para nos guiar ao nosso próprio equilíbrio. Um Ser Iluminado é aquele
que responde corretamente a todas as situações sem ter consultar um código de
regras.
É na prática de Sila Paramita que desenvolvemos o Altruismo ou
Compaixão. Quando praticamos a Sila Paramita acabamos por desenvolver também a
renúncia e assim naturalmente também amenizamos o nosso Karma.
3.
Ksanti Paramita – Perfeição da Paciência
Ksanti quer dizer paciência, tolerância, resistência ou
compostura. Literalmente significa – capacidade de suportar. Existem três
dimensões de Ksanti: 1) A capacidade de suportar as dificuldades pessoais, 2)
Paciência para com os outros seres e 3) Aceitação da Verdade.
Adquirimos a Perfeição da Paciência com a aceitação das Quatro
Nobres Verdades, portanto, aceitamos a verdade do sofrimento (Dukkha). Quando praticamos a Perfeição da Paciência
desviamos a tenção que damos ao nosso próprio sofrimento para o sofrimento dos
outros.
Aceitar a Verdade significa aceitar as verdades difíceis sobre nós
mesmos – significa buscar no autoconhecimento a nossa ganância, a crença na
mortalidade, o apego aos nossos sentimentos e/ou bens matérias etc. – e também
aceitar a verdade da natureza ilusória da nossa existência.
4.
Virya Paramita – Perfeição da Energia
Vyria é uma palavra sânscrita que quer dizer Energia ou Zelo.
Também significa herói. Vyria Paramita é sobre tudo a Perfeição da coragem, é
fazer o heróico esforço para atingir a Iluminação.
Praticar a Vyria Paramita, significa primeiro desenvolver o nosso
próprio caráter e obter coragem. É aqui que buscamos a perfeição espiritual e
então dedicamos nossos esforços de forma destemida para o benefício dos outros.
5.
Dhyana Paramita – Perfeição na Meditação
Dhyana é uma palavra sânscrita que quer dizer meditação é também o
sétimo Anga dos Sutras de Patanjali. No Budismo Dhyana é uma disciplina
destinada a cultivar a mente. Nesta disciplina é necessário o desenvolvimento
de uma grande concentração para conseguir maior clareza e compreensão.
Intimamente relacionado com Dhyana está o Samadhi, momento em que
o senso de “eu” é destruído. Existem níveis diferentes de Samadhi. Dhyana e
Samadhi são então os fundamentos da Sabedoria.
6.
Prajna Paramita – Perfeição da Sabedoria
No Budismo Mahayana, Sabedoria é a realização direta e íntima do
estado de Shunyata ou o estado da Vacuidade. É o ensinamento máximo de que
todos os fenômenos são sem auto-essência.
Prajna é a perfeição final que inclui todas as outras. Se Dana é a
porta de entrada do Dharma, Prajna é a realização e as outras são formas
alternativas (A Prática da Perfeição –
Robert Aitken Roshi, p. 107)
Quando estudamos os ensinamentos de Prajna, o significado de Shunyata
fica evidente e entendemos a sua importância
para o Budismo.
Mas é importante entender que a Sabedoria do qual estamos falando
não é o intelectual. Não é o conhecimento adquirido pelos livros mas pela
prática das outras Perfeições.
Reeferências:
- As Seis Perfeições - Como Atingir o Bem Estar Supremo - S. Ruth Ed Martins Fontes
- Tradução - The Six Perfections- Barbaro O'Brien
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