segunda-feira, 6 de maio de 2013


As 8 Consciências do Budismo
Muitos alunos me perguntam afinal o que é consciência? A filosofia budista ensina que temos oito consciências. As cinco primeiras são diretamente conectadas com os cinco órgãos dos sentidos, assim temos a consciência visual, a consciência olfativa, a consciência auditiva, a consciência que vem pelo tato e a consciência que vem pelo paladar. Os estímulos visuais, sensoriais e os auditivos ocorrem dentro da sexta consciência – a consciência mental.
De acordo com os ensinamentos de Budha os órgãos sensoriais do corpo humano são como portões de percepção para as cinco primeiras consciências. E estas consciências não fazem discriminação, ou julgamentos e criticas sobre a percepção por isso elas tocam a realidade das coisas tais como são. A consciência mental distorce a percepção da realidade das primeiras cinco consciências.
A sétima é conhecida como Manas ou mente aflita ou mente klesha. O relacionamento de Manas com a oitava consciência é muito sutil. É ela que encarna a idéia de que existe um “eu” independentemente do nosso estado, quer estejamos dormindo ou acordados, felizes ou tristes, positivos ou negativos, esta sétima consciência sempre se apega a sensação de um eu existente. É nela que surgem os três venenos: ganância, paixão e ignorância. Na sétima consciência surgem os traços de personalidade.
A oitava consciência de acordo com os textos budista oferece uma compreensão abrangente de quem somos, é conhecida como a consciência armazenadora, pois contem as sementes de todas as outras. O objetivo do budismo é se concentrar em entender a mente e purificar as oito consciências, até chegarmos a tocar a realidade das coisas tais como são. Até que isto ocorra estas oito consciências atuam como várias camadas constantemente operando em conjunto para criar a vida que vivemos.
A sexta consciência é a mental, a primeira das consciências internas, ela engloba entre outras coisas a felicidade, a excitação ou a frustração da experiência individual, e é consciência da conceituação, nela quem está envolvido é o cérebro. É nela que as sementes regadas na oitava consciência se transformam em formações mentais que irão gerar novas sementes que neste processo se fortalecem. A capacidade de relembrar o passado, fazer reflexões e planejar o futuro com emoções ocorre na sexta consciência. As cinco primeiras consciências são incapazes de pensar, refletir, analisar, estas habilidades pertencem à da consciência mental.
A oitava consciência ou Alaya em sânscrito atua como a consciência da qual todas as outras surgem; uma de suas funções é armazenar todas as impressões latentes que são criadas pelas demais. Essas impressões latentes são chamadas de “Chagpa” em tibetano e quando praticamos ações positivas, armazenamos sementes karmicamente positivas que mais tarde quando devidamente regadas podem se transformar em formações mentais positivas. Se praticarmos atos negativos, tais como ofender pessoas, roubar, matar, enganar, criamos sementes karmicamente negativas, quanto mais ações deste tipo praticamos mais regamos as sementes negativas que se transformarão em formações mentais negativas, como num ciclo sem fim. É por isso que no Budismo está oitava consciência é conhecida como consciência armazenadora!
Alguns estudiosos sugerem que uma representação adequada para esta consciência é a imagem de um rio que está sempre fluindo. Um fluxo de energia que está continuamente mudando, mas como um rio que não perde sua identidade e sua consistência, através dos ciclos sucessivos de vida e morte. E é esta habilidade de fluir que abre um campo de infinitas possibilidades para transformar as sementes e formações mentais contidas na oitava consciência.
As duas principais funções da oitava consciência são reconhecer tudo o que acontece momento a momento, inconsciente e conscientemente e ao mesmo tempo em ato contínuo armazenar tudo como sementes karmicas.
É por isso que a prática contínua da Plena Consciência é importante, devemos nos esforçar para identificar a qualidade das sementes que existem em nós e aquelas que estamos sempre regando e fortalecendo. A única consciência capaz de alcançar a claridade pura é a consciência armazenadora, pois embora ela contenha as sementes de todas as qualidades ela é indeterminada, ou seja, não é saudável nem nociva. Assim quando mantemos a Plena Consciência, temos a oportunidade de fortalecer as boas sementes.
A prática da meditação entre outros exercícios das mais diversas culturais, permite neutralizar os efeitos venenosos da sétima consciência.
Mas há mais uma consciência – a Consciência Pura ou a Natureza de Budha “Amala Vijnana” – existente em todos os seres. Viver com todos os atos e pensamentos por ela direcionados é viver no Nirvana.


Saleela Devi
REFERENCIA:
Thich Nhat Hanh – TRANSFORMAÇÕES DA CONSCIÊNCIA -  Ed Pensamento

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