A meditação
é uma forma de equilíbrio mental. Com a prática cultivamos duas qualidades
distintas da mente: Atenção Plena e Concentração. São duas qualidades que atuam
juntas, por isto é muito importante que sejam desenvolvidas juntas e de forma
equilibrada. Se uma delas for reforçada
à custa da outra, o resultado final fica perdido, e meditar realmente se torna
impossível.
Concentração
e atenção possuem distintas funções. Cada uma tem o seu próprio papel a
desempenhar em uma prática meditativa, e a relação entre elas é definitiva e
delicada. Concentração é também conhecida como a unidirecionalidade da
mente. Ela consiste em forçar a mente em
permanecer focada em um ponto estático, um objeto ou um som por exemplo. É uma atividade forçada. Pode ser
desenvolvida pela força, a força de vontade incessantemente pura. Depois de
aprendida e desenvolvida ela sem mantém com menos força. É a concentração que alimenta a atenção, que a mantém fixa a um
item se ele qual for. É a concentração que faz o trabalho definitivo de manter
a atenção plena no objeto escolhido. São
parceiros, e sem esta aprceria a meditação se perde.
Podemos
definir a concentração como sendo a capacidade da mente de se concentrar
unicamente em um objeto sem interrupção (lembre-se isto não é meditação). A
verdadeira concentração é uma forma saudável de manter a unidirecionalidade da
mente, mas com certeza não é ela que causa a libertação. Manter o foco de forma
ininterrupta em algo negativo ou que estimula emoções destrutivas não irá
ajudar o praticante em nada, na verdade pode até ser prejudicial. A
concentração deve ser feita de forma
livre de qualquer coisa que a contamine,
por isto no inicio do aprendizado é importante estar acompanhado de um
instrutor com quem possa escolher o
melhor objeto. Mestres Budistas indicam que o melhor objeto é a nossa
respiração. Através da concentração podemos
alcançar as profundezas da mente.
A busca pelo
lugar perfeito para meditar é individual, monges preferem seus mosteiros ou uma
floresta, ou uma caverna nos Himalaias.
Para nos concentrarmos de forma profunda certas condições especificas,
pelo menos no inicio podem ser fundamentais, como a criação de um ambiente
físico, emocionalmente libre de distrações. O desenvolvimento da concentração
pode ser bloqueado pela presença de certos estados mentais que são conhecidos
como os cinco obstáculos. São eles: ganância pelo prazer sexual, ódio, letargia
mental, agitação e vacilação mental.
É por isto
que um mosteiro é um ambiente controlado, nenhum membro do sexo oposto é
autorizado a viver de forma conjunta. Os monges também não têm posses, não há
disputas por propriedades, ganância e cobiça. Para nos concentrarmos de forma
profunda devemos nos esquecer de todas as ninharias. Por isto que o
recolhimento em alguns lugares facilita o aprendizado da meditação, enquanto
que aprender a meditar ao mesmo tempo que se leva uma vida cotidiana agitada
fica muito mais difícil. É bom saber que tem gente cuidando de você enquanto
você está se dedicando a meditação.
Já a Atenção
Plena, é livre de todos estes inconvenientes, não depende de qualquer
circunstancia em particular, é apenas perceber o objeto escolhido de forma
pura. A atenção plena não é limitada por qualquer condição. Todos nós temos em
certa medida de atenção, em alguns momentos diários, e ela pode surgir sob
qualquer circunstancia. Além disto, a atenção plena não tem objeto fixo em
foco. É apenas uma observação. A atenção
pode ter um numero ilimitado de objetos a ser observado. É como olhar para o que está se passando pela
mente sem nada julgar ou classificar. As distrações e as interrupções são
notadas com a mesma quantidade de atenção que os objetos escolhidos para
meditar. Em um estado de atenção plena,
a atenção apenas flui junto com todas as mudanças que estão ocorrendo na mente.
Não
desenvolvemos a atenção plena pela força.
Se forçarmos, impediremos nosso progresso no desenvolvimento da atenção.
Atenção plena não pode ser cultivada pela luta. Ela simplesmente cresce, por
percebermos as coisas como elas são, por deixarmos ir, apenas estabelecendo no
momento de forma confortável com o que estamos enfrentando naquele
momento. A atenção plena não acontece
por si só. Mas em vez de força, precisamos de energia e esforço. E esforço não
é força. É um esforço suave, um esforço
sem esforço. Desenvolve-se a partir do momento que mantemos a consciência de
tudo o que está acontecendo no momento de forma suave. Disciplina, persistência
e um leve esforço são os segredos. Precisamos aprender a nos “puxar de volta ao
momento” gentilmente, a nos mantermos conscientes do momento.
Não existe
um “EU” quando estamos em um estado de atenção, não a um estado de egoísmo. É
na atenção que temos uma perspectiva real de nós mesmos. É a atenção que
permite que você possa concluir: Ah!
Então é assim que eu realmente sou! Sim, você irá saber como você realmente
é! Irá perceber seus comportamentos nocivos, suas mentiras (até aquelas que
você conta para si mesmo sem se dar conta, o auto engano e a autosabotagem).
Você vai ver o que realmente está por trás do Véu de Isis. A atenção plena leva
à sabedoria.
Atenção não é para você conseguir nada. No
momento em que você está no estado de atenção plena, desejo e aversão não estão
envolvidos. Não há lugar para competição ou luta. Atenção plena não visa nada,
ela somente permite que você veja o que está lá!
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