sexta-feira, 10 de julho de 2015

Levando a Compaixão para o Trabalho


Princípios Budistas Para Ser Um Líder Consciente

Ninguém precisa ser budista ou ter uma crença em religiões orientais para praticar a meditação, como Instrutora de Meditação e Professora de Mindfullness, minha maior intenção é tornar a meditação aceitável em qualquer ambiente, para qualquer pessoa, independente de onde ela vem no que acredita, no que faz ou de sua idade ou formação, afinal meditar é um momento onde você está acompanhado somente da sua mente.

Parece que quando falamos de Compaixão, Empatia, Altruísmo ficamos presos a trabalhos voluntários ou quanto muito a trabalhos terapêuticos ou médicos. Mas aprendi a muito tempo, como Psicoterapeuta e Professora de Filosofia Oriental e Meditação, que estes temas podem ser aplicados em qualquer lugar. Sim até mesmo no ambiente profissional.  Todos os ensinamentos budistas parecem estar cada vez mais presentes e se tornando cada vez mais relevantes devido talvez ao incentivo dado às práticas meditativas, principalmente a Mindfullness tanto como terapia complementar da Área da Medicina e nos tratamentos de Saúde Mental, como também na Educação. Grandes corporações já possuem salas de meditação com professores contratados para ensinar as técnicas de forma correta, afinal meditar não é ficar sentado ouvindo uma música qualquer ou apenas ficar quietinho, é com certeza muito mais do que isso.

Agora podemos encontrar diversos livros que tratam da Compaixão e da Empatia também no ambiente profissional, como os livros do autor Lodro Rinzler (Editora Shamballa), que entre os cinco livros que ele já escreveu temos um bastante interessante – “O Budha entra no Escritório”, onde ele estabelece um roteiro de seis pontos em direção à – Liderança Compassiva. Lodro diz “Eu não posso nem imaginar como os ensinamentos se aplicam em um ambiente monástico, porque eles são tão aptos para o mundo corporativo de hoje. A ideia aqui é – como podemos manifestar a compaixão do Budismo?”.

Os Seis Pontos:

·         BENEVOLÊNCIA – Precisamos de mais espaço quando nos deparamos com a velocidade e os níveis de agressividade que existem nos ambientes profissionais. É como a prática do Jiu Jitsu, onde os alunos aprendem a lidar com a agressividade e mesmo tempo a obter mais espaço. Desta forma, podemos infundir um senso de diversão em todas as atividades e aprender a não levar todas as coisas tão a sério e de forma tão estressante, ansiosa ou depressiva, afinal nem tudo deve ser levado para o lado pessoal, significa acima de tudo observa a raiva das outras pessoas e não alimentar o fogo interno.
Ensina Lodro: “Para mim, tudo se resume a separar a ideia de que a nossa vida espiritual e a vida familiar são diferentes do nosso trabalho. Não é como viver uma vida dupla, porque ela drena a nossa energia a longo prazo. Quanto mais dermos uma perspectiva holística ao nosso trabalho – melhor, e o quanto mais nos relacionarmos com os outros com base nos nossas vida pessoais, melhor!”.
·         VERDADE –A Verdade deve estar baseada na lógica budista em torno do nosso estado inerente. Em Shamballa, falamos sobre isto como a “Bondade Fundamental””. Acreditamos que sob todos as nossas camadas, todas as pessoas são basicamente boas. Não, elas não são basicamente más em si mesmas. Quando o seu colega de trabalho é chato com você, ou quando existem obstáculos no trabalho que a um primeiro olhar paraecem intransponíveis, é hora de acreditar no ponto de vista budista que existe uma bondade fundamental em você e também nos outros. É preciso ter a convicção na capacidade inerente de cada ser humano.
“O nível de confiança ocorre quando observamos esse aspecto da verdade, que é acima de tudo reconhecer a bondade fundamental nos outros e reconhecer a nossa própria bondade. Existem alguns níveis muito básicos de ganhar o respeito e a confiança das pessoas ao longo do tempo. Você até pode ter o ponto de vista do “eu, eu, eu”, mas mesmo que você apenas levante o olhar um pouco irá aprender a interagir com os seus colegas de trabalho a partir desta perspectiva, e principalmente irá notar uma mudança em toda a dinâmica do escritório”.
·         GENUÍNO –Ser genuíno é estar presente o suficiente para ver a situação pelo que ela realmente é”. É preciso parar, ou retardar um momento para ver a realidade de uma situação e poder concluir pela lógica  o que de fato está acontecendo. Mas os erros fazem uma grande parte do caminho espiritual. Nós tropeçamos no caminho, caímos e levantamos, caímos novamente e ainda assim sempre a muito que se poderia fazer. Somente reconhecendo o erro, perdoando a si mesmo e se comprometendo a nunca mais cometer o mesmo erro novamente, e é nesta ultima parte que aprendemos que precisamos de muita disciplina.
·         DESTEMOR –Não significa estarmos sem medo, mas sim aprendermos que quando o medo vem à tona, como ele sempre aparecerá ao longo da nossa vida, devemos estar dispostos a olhar para ele, enfrentá-lo e abrir espaço no caminho apesar dele”. Não podemos nos encolher a partir das situações assustadoras. Sabemos que a forma mais rápida de vencer o medo é olhar para ele.
·         ASTÚCIA – “Há certo aspecto artístico em delegar poder aos outros”. A princípio escolhemos as pessoas certas e confiamos nelas para montar a nossa equipe. Mas algumas pessoas têm uma barreira defensiva que não se faz tão necessária. Quando se trata de nos tornarmos mais humanos, precisamos aprender mais sobre a força da nossa vulnerabilidade.
“O papel do verdadeiro líder é manter, simultaneamente a visão de longo alcance ao mesmo tempo em que mantém os pés no chão. Quando me encontro com pessoas que dizem: “Eu sou um visionário”, eu logo digo: “OK! E o que o seu assistente deve fazer agora? Traga-os de volta à Terra!”.
·      REGOZIGE-SE – Júbilo é o que nós realmente não fazemos o suficiente no ambiente de trabalho hoje em dia. OK! Nós podemos efetuar uma grande venda, fechar um enorme projeto – agora precisamos aprender a nos jubilar. Basta ter um pouco de tempo para dizer: UAU! Isto afetou a vida de muitas pessoas. É realmente incrível se pensarmos sobre isto.” Ou seja, comemore os sucessos, mesmo os pequenos ao longo do caminho!
São seis ensinamentos básicos que os monges iniciantes aprendem ao entrarem em um monastério budista. Parece simples, mas não é! Mas também não são impossíveis de serem aplicados, com resultados maravilhosos e harmoniosos. O importante é começar, afinal se a mudança que queremos no mundo externo deve começar dentro de nós, a hora de mudar é agora, não tem amanhã! Liderança consciente se faz através de verdades científicas aliadas à sabedoria espiritual e autodomínio.
Referencia:

     - Sit Like a Budha – A Pocket Guide to Meditation – Lodro Rinzler – Ed. Shamballa

Nenhum comentário:

Postar um comentário