Existe alguém lá fora?
Estava
fazendo uma palestra e uma senhora disse que era inaceitável que disséssemos
que no Zen não há ninguém lá fora para nos ajudar. Eu a compreendo, é realmente
muito difícil de aceitar essa postura, mas para o Zen só podemos contar com nós
mesmos.
Mas somos
imensamente poderosos no sentido de que podemos construir nosso próprio futuro,
podemos alterar nosso Karma e um homem pode provocar tremendas mudanças no
mundo. Ela insistiu com sua indignação citando os anjos e arcanjos. Se houvesse
alguém que tivesse o poder de ajudar, tivesse compaixão, fosse bondoso e
tivesse sabedoria para ajudar, porque ele esperaria você pedir? Eu imagino que
se meu filho caísse, não esperaria que ele me implorasse ajuda. Algum de vocês
faria isso? Algum de vocês diria que só ajudaria se lhe fosse pedido? Alguém
diria para seu filho caído: - “Se eu ajudar você, você promete se comportar e
estudar?” – “Ajudo só se você pedir com fé?”
Se Budha
tivesse o poder de nos ajudar não precisaríamos pedir para ele, já estaria nos
ajudando. Alguém que desenvolveu compaixão não espera, então, imaginarmos que
existam seres de sabedoria e bondosos lá fora, a quem precisemos orar ou pagar
para que nos ajudem, é uma tolice nossa.
Não parece
que é assim que o Universo funciona, ele funciona com ações e conseqüências.
Fazemos coisas e obtemos resultados. Orar é algo bom, pois as pessoas que oram
constroem mentes melhores e criam modificações. Não somos Zen Budistas para
acreditar ou pedir algo para alguém, por isso sentamos e sentar é muito
difícil.
Tratamos de
cuidar de nossas mentes para que elas sejam melhores, mais sábias, com mais
clareza e lucidez, sem se agarrar em fantasias. A tarefa dos Mestres é destruir
as crenças e fantasias, desconstruir e tirar tudo a que as pessoas possam se
agarrar. Só assim os seres poderão ser livres. Por isso Budha disse: - “Não
acreditem em mim, testem e experimentem”. Vocês podem mudar suas mentes através
da prática, mas não podem mudar o mundo através do – “esperar que poderes
sobrenaturais os socorram”.
Texto escrito pelo Monge Genshô.
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