Sendo o que
se é! – Mindfulness para Profissionais da Saúde, Coachings e Couselings
O campo de pesquisa sobre Mindfulness e suas
aplicações terapêuticas não para de crescer. Assim Mindfulness se torna cada
vez mais uma ferramenta poderosa e relevante para os profissionais da Saúde
incluindo aqui Psicólogos e Terapeutas e também para Coachings e Cousellers.
À princípio Mindfulness foi muito aplicada na
redução do stress e da depressão, mas a sua aplicação terapêutica tem se
desenvolvido para além do Programa de 8 semanas e práticas em grupo atingindo
as terapias individuais. São muitas as técnicas terapêuticas individuais que
podem se aliar à Mindfulness no set psicoterapêutico.
Desenvolver a consciência de si e dos outros
passa pelo processo de desenvolver uma qualidade de atenção, principalmente o
nível de atenção plena que a Mindfulness proporciona e que muitas pesquisas
científicas têm comprovado em eficácia ao longo de mais de 30 anos de pesquisas
que culminam atualmente com descobertas sobre a importância de Mindfulness na
Neuroplasticidade e outras mudanças importantes a nível fisiológico, o que nos
permite perguntar aonde estas explorações irão nos levar?
A atenção plena está conectada com nossas
atitudes e posturas, nosso modo de ser, esta pode ser uma das razões porque
Mindfulness é tão eficaz terapeuticamente falando. O processo de Mindfulness
junto com técnicas psicoterapêuticas permite que o indivíduo torne – se consciente
de tudo o que está acontecendo no momento presente, conheça a natureza real dos
fatos longe de seus pensamentos ruminantes e fantasias. Os praticantes
disciplinados e devidamente acompanhados tornam – se hábeis em perceber seus
padrões condicionados, desenvolvem uma percepção maior sobre as suas escolhas e
tem uma aceitação melhor sobre como as coisas realmente são, conseguem manter um
nível de relaxamento diante do caos de forma nunca antes experimentada. Melhoram
ainda mais quando conseguem além da prática formal (na forma de meditação
passiva) quanto na informal (uso da atenção plena durante as atividades
habituais cotidianas). Deixam de viver segundo o condicionamento do piloto
automático para uma forma de vida mais espontânea e livre do stress e das
tensões que levam ao desenvolvimento de inúmeras doenças. No final o que mais
se aprende é o conhecimento de si – mesmo criando uma intimidade com seus
aspectos interiores.
É neste ponto que nasce dentro do praticante
uma maior empatia e autocompaixão assim como mais compaixão e altruísmo para
com os outros; já que o indivíduo ter uma consideração positiva por si – mesmo,
de assumir seu estado de plenitude sendo quem realmente é sem as imposições dos
padrões internos de medos e angustias mantendo-se atento ao que acontece no momento presente.
As Sete
Atitudes
A prática disciplinada e diária da
Mindfulness desenvolve sete atitudes segundo Jon Kabat Zinn, sete qualidades
que sustentam a prática e geram consequências positivas:
1. Não Julgamento – Uma maior abertura do fluxo interior da nossa consciência em
relação às experiências exteriores parou de julgar e reagir automaticamente. Aprendemos
o tempo de recuar e o tempo de avançar – nos tornamos uma testemunha imparcial
das experiências;
2. Paciência – Compreendemos que as coisas têm seu próprio tempo;
3. Mente de Iniciante – Aumento da curiosidade. Surge um frescor,
uma maior clareza e vitalidade diante das experiências do momento presente,
aprendendo a olhar além dos preconceitos e padrões históricos pessoais.
4. Confiança - O aumento da confiança vem pelos controles dos pensamentos e
sentimentos. Mindfulness desenvolve um sentimento de testemunha, uma qualidade
de observador das próprias experiências, e motiva a busca pela validade dos
acontecimentos;
5. Sem Esforço – O praticante de Mindfulness aprende a deixar as coisas serem do
jeito que é. Tornando a meta da vida a aprendizagem de ser como se é!
6. Cessação – Desenvolvimento da capacidade de reconhecer a origem e o fim de
cada experiência, analisando e dando ênfase ao que realmente se faz necessário,
deixando de agarrar o que agrada, de rejeitar o que desagrada, além de deixar
de perpetuar as dificuldades.
7. Aceitação – O praticante desenvolve uma abertura e vontade de ver as coisas
como elas realmente são, no presente, aprendendo a agir de forma adequada
momento a momento.
Além destas qualidades e novas capacidade,
surge também uma maior energia e motivação com o compromisso, autodisciplina e
intenção, que trás junto a perseverança e determinação para continuar investigando
com mais profundidade e sem medos a sua própria historia e experiências pessoais.
O que o Terapeuta ganha com isso? Uma
oportunidade de aplicar uma nova atitude profissional no processo terapêutico,
trabalhando com o desenvolvimento da consciência do cliente, indo direto na experiência
e não ficar a nível de pensamentos sobre a experiência. Usa um processo de
investigação com foco particular na experimentar as sensações dentro do corpo,
ir de forma mais profunda nos significados dos sintomas que se manifestam no
corpo.
A prática disciplinada e diária de
Mindfulness formal desenvolve a capacidade de aprender a “ler o clima interno”
do próprio ser, e depois a relação com o outro. O terapeuta se torna consciente
da forma como o cliente processa as experiências e oferece a ele uma maneira
diferente de agir no momento presente longe dos comportamentos habituais, uma qualidade
de presença “encarnada” no momento da experiência. Ao fazer isto surge a
possibilidade de observar mais de perto o que está em processo de mudança
emocional dentro do corpo e como isto responde ao ambiente e ao outro. Manter uma
qualidade de presença incondicional, com bondade amorosa (Compaixão), sem
julgamento para consigo mesmo e para com o outro é um estado cultivado pelos
praticantes de Mindfulness, que tem motivado inúmeros estudos e novos processos
terapêuticos como a Terapia Focada na Compaixão.
Mindfulness
e a Aceitação
A prática de Mindfulness desenvolve uma
abertura para a aceitação das coisas como elas realmente são, com todas as
dores e alegrias que vêm junto com cada experiência. Aprendemos a manipular e
julgar, a analisar e resolver os problemas de acordo com a nossa história
pessoal, a busca para mudar este processo passa pelo desafio da mudança e pelo
alívio do fardo estressante que este processo nos impõe.
Abrir espaço para a autocompaixão, é
descobrir um potencial novo para fazer as coisas de forma diferente, mais
consciente. Isto significa dar maior valor a necessidade de aprender a explorar
as sensações físicas, os pensamentos e as emoções que experimentamos diante de cada
momento. É estar aberto e receptivo a uma nova maneira de “ser” diante do campo
de infinitas possibilidades que emergem quando estamos receptivos e atentos. É aqui
que uma maior possibilita de cura se apresenta, também é aqui que aprendemos a
ser mais resilientes.
Terapeutas que também são praticantes de
Mindfulness aprendem a “estar junto” com o seu cliente quando ele expressa a
tristeza e a dor. A qualidade da atenção plena necessária dentro do set psicoterapêutico
cresce de acordo com as formas com que respondemos e trabalhamos com todo o
material que o cliente trás consigo, o processo terapêutico torna-se então
poderoso e transformador, com uma qualidade de presença incondicional, uma
escuta mais profunda e alerta, melhorando as trocas e a resolução das
dificuldades.
Mindfulness pode trazer inúmeros benefícios,
e em diferentes níveis. Como seres humanos somos vulneráveis, estamos sempre
lutando com a nossa realidade, preocupados com o futuro e conectados com um
passado que não existe mais, gastamos tempo, energia e esforço com tantos acontecimentos
da vida diária que a tão sonhada felicidade passa ao largo sem que muitas vezes
nem seja percebida. Se não tivermos um nível de atenção plena que nos permita
perceber com clareza que forças subjacentes nos impulsionam em diferentes
direções, muitas inúteis; não sairemos deste círculo vicioso de viver os mesmos
desafios em diferentes proporções e momentos.
Por isto é tão relevante que aja um senso de comunhão
das experiências entre terapeuta e cliente. Logico que o contexto e os detalhes
das experiências são diferentes, afinal todos temos uma mente e uma consciência,
todos sofremos. Isto nos ajuda a desenvolver uma perspectiva de estar no papel
de ajudar, de sermos mais compassivos e altruístas.
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