A princípio parece que Espiritualidade e
Saúde Mental não tem muito em comum. Mas a cada dia, diante de tantos
protocolos científicos, estudos e pesquisas, vamos nos tornando mais
conscientes que alguns aspectos da Espiritualidade pode de fato oferecer muitos
benefícios para a saúde e principalmente a saúde mental e emocional.
Afinal o que
é Espiritualidade?
Podemos definir a Espiritualidade
considerando:
ü Algo que
todas as pessoas podem experimentar;
ü Contribui
para dar significado e proposito;
ü Traz esperança
e promove a cura em momentos de sofrimento e perda;
ü Motiva a
busca do aumento na autoestima, melhora a relação com os outros e com o mundo.
Essas experiências fazem parte do ser humano –
e são tão importantes para as pessoas com problemas intelectuais ou outras
condições, tais como demência e ferimentos na cabeça, assim como para qualquer
outra pessoa em qualquer outra condição.
Em tempos de stress ou descontrole emocional,
doenças físicas ou mentais graves, perdas ou luto ou mesmo diante da morte, a
Espiritualidade torna-se muito importante. Os cuidados normais com a saúde
tenta de alguma forma aliviar a dor e promover a cura, mas sabemos que um bom
cuidado com a saúde envolve muito mais de todos os envolvidos. De fato, a
Espiritualidade enfatiza a cura e não apenas a doença. Ela vê a vida como uma
jornada, a partir da qual as boas e também as más ações podem ajudar a aprender,
desenvolver e até mesmo amadurecer.
A
Espiritualidade é diferente de Religião?
Existem muitas tradições religiosas ao redor
do planeta, e elas certamente incluem a Espiritualidade individual, e esta é
Universal. Porém cada religião tem seus próprios cultos, ritos, crenças,
dogmas, textos sagrados de base comunitária e tradições distintas.
E a Espiritualidade não está necessariamente
vinculada a uma crença religiosa em particular ou mais tradicional. Muito embora
a cultura e as crenças possam de alguma forma desempenhar um papel na
Espiritualidade, cada pessoa tem uma experiência única do que a espiritualidade
– e pode ser uma experiência pessoal para qualquer pessoa com ou sem uma crença
religiosa. A experiência é possível para todos.
A Espiritualidade também se destaca na forma como nos conecta com outras
pessoas e com o mundo.
Afinal o que
é cuidar da Saúde Espiritual?
A maioria das pessoas com problemas de saúde
mental costumam buscar a espiritualidade para:
ü Segurança e
Proteção;
ü Ser tratado
com mais dignidade e respeito;
ü Sentimento de
pertencimento, valorização e confiança;
ü Uma forma de
expressar sentimentos para os seus cuidadores;
ü Servir como
arte criativa, trabalho ou forma de desfrutar a natureza;
ü Dar sentido
à vida, aceitando a doença e a perda;
ü Dar permissão
ou apoio a fim de desenvolver o seu relacionamento com o Divino ou o Absoluto.
Uma pessoa com uma crença religiosa pode
precisar de:
ü Um tempo,
lugar e privacidade para orar;
ü Uma oportunidade
de explorar as suas preocupações espirituais;
ü Para ter
certeza de que o profissional de saúde mental irá respeitar a sua fé;
ü Encorajamento
para aprofundar a sua fé;
ü E muitas
vezes para ser ajudado a lidar com o perdão.
Então que diferença
pode fazer a Espiritualidade?
Muitos pacientes dizem que através da
Espiritualidade eles ganharam:
ü Melhora no
autocontrole, autoestima e confiança;
ü Facilidade na
recuperação (luto mais saudável e reconhecimento de seus pontos fortes);
ü Melhora nos
relacionamentos – consigo mesmo, com os outros, com o Divino;
ü Criação de
um novo senso de significação, esperança e paz de espirito. Permitiram-se
aceitar e viver com seus problemas crônicos ou persistentes ou provocar as
alterações necessárias.
A Avaliação
Espiritual
Seria muito importante considerar a avaliação
espiritual como parte da avaliação da saúde mental. Um estado depressivo ou o
abuso de drogas, por exemplo, pode às vezes refletir um vazio espiritual na
vida do paciente. Os profissionais da Saúde Mental precisam ser capazes de
distinguir entre uma crise espiritual e uma doença mental, principalmente
quando estas se sobrepõem.
Uma forma útil de começar uma avaliação
espiritual é começar perguntando: “Você
diria que é uma pessoa espiritual ou religiosa?” De que forma? Por favor,
me diga como. Outra pergunta útil é: “O
que lhe dá esperança diante das dificuldades?” ou “O que mantém a sua estabilidade emocional em tempos difíceis?”. As respostas
normalmente irão revelar suas principais preocupações e práticas espirituais. Muitas
vezes, um profissional pode fazer um questionário, onde pode perguntar:
ü O conhecimento
ou pontos fortes que o mantem motivado?
ü Que tipo de
apoio comunitário você necessita?
Através de uma abordagem suave, sem pressa, é
importante explorar as questões espirituais relevantes ao próprio processo terapêutico.
Definindo a
cena: conte
sobre a sua vida? O que dá significado e proposito?
Passado: o stress ou
desregulação emocional muitas vezes é causado por uma perda, ameaça ou luto. Você
já teve alguma perda? Sofreu maus tratos? Como isto afetou você?
Presente: Você tem
senso de pertencimento? Sente-se valorizado? Seguro e respeitado? Consegue se
comunicar com outras pessoas de forma clara e livre? Você sente que existe um
aspecto espiritual por trás desta situação? Você precisa de um capelão ou
alguém de sua comunidade espiritual? O que precisa nos falar sobre o seu
fundamento religioso?
Futuro: O que espera
dos próximos dias ou semanas ou meses? Tem alguma preocupação com a morte e o
morrer? Acredita na vida após a morte? A algo que você queira discutir sobre a
sua espiritualidade? Quais são os principais temores sobre o futuro? Como lida
com o perdão? O que lhe dá esperança? Que tipo apoio lhe seria útil neste
momento? Com quem gostaria de explorar as suas preocupações?
Sobre as
práticas espirituais:
Estas abrangem uma vasta gama que vai do
religioso para o não – religioso, então você pode:
ü Pertencer a
uma tradição de fé e participar dos serviços ou outras atividades com outras
pessoas;
ü Participar de
ritos, práticas simbólicas e outras formas de adoração;
ü Participar de
peregrinações e retiros;
ü Apreciar a
natureza;
ü Ser
compassivo consigo mesmo;
ü Ter um tempo
para meditar ou fazer reflexões ou oração;
ü Praticar Yoga,
Tai Chi ou outras práticas disciplinares;
ü Ler o texto
sagrado de sua religião;
ü Ouvir, tocar
ou cantar músicas sacras, hinos, salmos, mantram ou cânticos devocionais;
ü Praticar esportes
coletivos ou outras atividades que envolvem cooperação e confiança;
ü Ter um tempo
para leitura contemplativa, poesia, apreciar artes etc;
ü Ser criativo
em atividades como pintura, culinária, jardinagem etc.;
ü Cultivar boas
relações familiares;
ü Fazer amizades
saudáveis que motivem confiança e intimidade.
Terapias
Espirituais
Já a alguns anos tem havido um crescente
interesse em tratamentos que incluem a dimensão espiritual. Existem diversos
como o Programa de 12 Passos do AA, Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR),
a Mindfulness Based Cognitive Therapy (MBCT), a Terapia Focada na Compaixão,
Terapia da Aceitação, Regulação Emocional que estão agora sendo amplamente
pesquisadas em diversos centros nos Estados Unidos e Europa.
Valores e
Habilidades Espirituais
Práticas Espirituais podem ajudar a
desenvolver as melhores partes de nós mesmos. Ajuda no desenvolvimento da
criatividade, da paciência, persistência, honestidade, bondade amorosa, do amor
incondicional, da compaixão e altruísmo e muito mais, que são partes de um melhor
cuidado com a saúde de um modo geral.
Habilidades espirituais incluem:
ü Honestidade e
capacidade de se ver como os outros o vêem;
ü Capacidade de
manter o foco no momento presente, desenvolver a atenção plena e a
concentração;
ü Relaxar,
descansar, encontrar estados de paz de espirito;
ü Desenvolver um
sentido mais profundo de empatia pelos outros;
ü Perdoar a si
mesmo e aos outros;
ü Desenvolver a
capacidade de estar com alguém que está sofrendo, manter a esperança;
ü Aprender a
falar ou agir de modo adequado, ou permanecer em silencio ou não fazer nada;
ü Aprender a
doar;
ü Desenvolver a
capacidade de chorar ou deixar ir.
A Espiritualidade enfatiza a nossa conexão
com outras pessoas e com o mundo, desenvolve a ideia de reciprocidade. Isto significa
que o doador e o receptor ajudam a si mesmos e aos outros. Muitos cuidadores
naturalmente desenvolvem a habilidades e valores espirituais ao longo do tempo
como resultado de seu compromisso para com aqueles com quem se importam. E aqueles
que estão sendo cuidados por sua vez, também aprendem a ajudar os outros que
estão sofrendo.
A Espiritualidade é profundamente pessoal,
por isso pode funcionar de diferentes formas de uma pessoa para outra, porém
ter uma rotina diária pode ser útil:
ü Ter um tempo
de silencio – orar, meditar ou refletir;
ü Estudar um
texto religioso ou espiritual;
ü Buscar apoio
com outras pessoas que tenham aspirações espirituais e/ou religiosas semelhante.
Existem muitos locais em que se pode
descobrir práticas espirituais e / ou tradicionais que podem ser aliadas das
terapias complementares. Existem também uma gama de artigos sobre
Espiritualidade e Saúde Mental na Internet que podem ajudar os cuidadores e
outros profissionais da Saúde Mental a aumentar seu conhecimento sobre o tema,
além de curso, workshops e palestras com profissionais especializados.
Muitos hospitais tem a contribuição da
capelânia, que por sua vez deve:
ü Respeitar e
se dar bem com o clero e as comunidades de fé;
ü Fornecer informações
úteis aos grupos religiosos, suas tradições e práticas;
ü Reconhecer que
em certos momentos ou circunstancias as crenças religiosas podem até mesmo ser
prejudiciais;
ü Ter a
capacidade de dar conselhos sobre questões mais difíceis como a
paranormalidade, possessão e o tema libertação;
ü Trabalhar de
forma estreita e profunda colaboração com a equipe de Saúde Mental,
reconhecendo as necessidades espirituais do paciente;
ü Certificar-se
que os pacientes recebam a ajuda disponível que ele desejar respeitando a
crença de cada um.
Educação e
Pesquisa
Há evidencias de que pessoas que pertencem a
uma comunidade religiosa ou espiritual têm melhor saúde mental. Assim, a
relevância da Espiritualidade está agora sendo reconhecida em cursos e
workshops para estudantes e profissionais da área da Saúde Mental.
Adaptado do Folheto do Royal College of
Psychiatrists e do Comitê Executivo do Psychiatry Special Interest Group.
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