terça-feira, 21 de abril de 2015

Meditação ZAZEN - Aprendendo a respirar

HARA – é uma palavra japonesa que não tem tradução no Ocidente, ela se refere literalmente à parte inferior do abdômen, na altura do segundo Cakra (Swadhisthana), é uma palavra que tem conotações psicológicas e espirituais no Oriente. Neste ponto importante do corpo humano temos a unificação das dimensões físicas, psicológicas e espirituais de uma pessoa.

Para a Escola Rinzai do Budismo Zen japonês na linhagem Chozen – ji, HARA é um ponto fundamental, pois é um o ponto que deve se4r desenvolvido, principalmente através da prática da meditação ZAZEN, mas também pela prática de artes marciais e pelas artes plásticas. Na perspectiva desta escola de Budismo não há ZEN sem HARA. Isto é pouco divulgado no Ocidente.

A dualidade divide o eu e o outro, vida e morte, certo e errado. O Zen desenvolve o praticante para trabalhar a partir do nível mais sutil da dualidade. Zen é um ramo do Budismo, com uma historia de 1.500 anos e milhares de páginas de ensinamentos estudado por budistas e não- budistas, praticantes de meditação de todos os níveis ou por aqueles que desejam se iniciar na prática para apenas obter os múltiplos benefícios que ela proporciona.

Treinar a prática do ZAZEN significa aprender a respirar corretamente, ter postura (meditação sentada), resolver as dualidades (KOANS), entoar Sutras (OKYO).

Ken Kushner (Chozen – Ji Betsuin International Zen Dojo of Wisconsin)  experiente professor da Meditação ZAZEN conta sua experiência – “Quando comecei meu treinamento Zen em 1977, foi dada instrução básica em Zazen. Além de ser ensinado como estabelecer a minha postura correta e concentração estável, foi –me  dito para respirar com meu HARA. Meus professores explicaram que o HARA é uma palavra japonesa que se refere à parte inferior do meu abdômen e que eu deveria sempre sentir uma pressão nesta região. Por mais que tentasse, eu não conseguia respirar nesta região e muito menos manter a pressão sobre ela enquanto eu exalava e inspirava. Durante a prática formal  do ZAZEN, eu era constantemente corrigido pelo meu professor – “Respire com seu HARA!”. Mas era em vão, eu continuava a respirar de forma curta, peitoral e não tinha ideia de como deveria levar a minha respiração para a parte inferior do meu abdômen. Quando eu pedi orientação foi – me dito para sentar-me por mais tempo. Cheguei a pensar que o conceito de HARA era uma farsa. Apesar disto, eu permanecia sentado em ZAZEN, apesar do meu ceticismo buscava encontrar meu ponto HARA”.

Foi quando de repente aconteceu. Mais de 35 anos depois, ainda posso me lembrar das circunstancias e sensações corporais. Já não me lembro a quanto tempo eu vinha treinando, talvez seis meses ou um ano. Eu tinha tido um dai frustrante no trabalho, estava muito zangado com um colega de trabalho. Sentei-me em ZAZEN, contei aos meus colegas de meditação os insultos do dia. Praticamente vomitei minha raiva, e senti então como algo mudou minha forma de respirar. Era um evento abrupto, descontínuo. Eu sentia um relaxamento na parte inferior do meu abdômen enquanto inalava, uma sensação de plenitude no meu abdômen inferior enquanto exalava. Era como se meu estomago tivesse caído. Ao mesmo tempo que toda a parte superior do meu corpo, peito ombros e pescoço relaxava profundamente. E as mudanças não eram apenas físicas. Me sentia calmo, relaxado e alerta! Minha raiva havia evaporado, minha visão estava mais clara, aprecia que eu tinha adquirido uma visão panorâmica. Então disse a mim mesmo: “este é o meu HARA!” peguei minhas almofadas (ZAFU) entrei no ZENDO (sala de meditação) e fui praticar o ZAZEN”.

“Aquela experiência foi o primeiro ponto de virada mais importante no meu treinamento do ZAZEN. As mudanças físicas permaneceram comigo por dias, além da calma e da clareza. Experimentava meu corpo de forma diferente. Minha respiração tornou-se lenta e profunda. Havia menos tensão no meu corpo, podia sentir o meu centro. Apesar de perder com o tempo a sensação do HARA, descobri que podia recuperá-la através da prática disciplinada da meditação ZAZEN”.

É muito incomum encontrarmos relatos das experiências vivenciadas por praticantes avançados de meditação (seja qual for a técnica utilizada), primeiro por que elas são individuais, únicas; segundo por que não devem ser o motivo pelo qual se medita – viver experiências místicas, espirituais ou transcendentais, terceiro por que aquilo que vivenciamos devemos guardar para nós mesmos. Mas eventualmente conhecermos a profundidade destas experiências nos mostra o quão transformador e enriquecedor pode ser praticar meditação.

Como foi dito acima, HARA envolve a unificação dos componentes físicos, psicológicos e espirituais de todo indivíduo. Podemos então dizer que HARA é um todo orgânico, tridimensional. No aspecto físico, HARA se refere a parte inferior do abdômen, sua localização real é dentro da cavidade abdominal. Além de sua localização estática, o HARA pode também ser visto em termos dinâmicos, através da nossa respiração, e na Escola Rinzai o esforço  é desenvolver o HARA.

Existem tipos diferentes de respiração:

Um tipo é a Peitoral, Torácica  ou Costal. Isto é caracterizado pelo envolvimento dos músculos do peito, pela parte superior do corpo e pela falta de engajamento dos músculos da parte inferior do abdômen.

Outra é a Abdominal ou Diafragmática. Este tipo se baseia nos músculos  da parte inferior do abdômen do que na parte superior do corpo. Neste tipo, o abdômen funciona como um fole; se expande durante a inalação e contrai durante a expiração. É o tipo mais comum usado nas diferentes práticas de meditação. Também utilizado nos tratamentos médicos e psicológicos, bem como nos treinamentos para relaxamento e gestão do stress e ansiedade. Porém na prática do ZAZEN, a parte inferior do abdômen deve expandir durante a inalação e também durante a exalação. Ou seja, a parte inferior do abdômen continua se expandindo ao longo do ciclo da respiração. É um tipo incomum de respiração!

Aprender a meditar corretamente é muito mais que aprender a arrumar um ambiente adequando, escolher uma musica vestir uma roupa confortável, sentar numa postura complicada ou dolorosa e ficar em silencio por algum tempo. Entre os muitos detalhes técnicos e ensinamentos específicos a cada técnica, é de extrema importância aprender a forma correta de respirar. Muitas pessoas acreditam que meditar é somente sentar-se em silencio por algum tempo e que desta forma obterão os múltiplos benefícios da meditação como o funcionamento adequado dos vários sistemas fisiológicos, aumentar a massa cinzenta do cérebro, aprender a focar, concentrar e adquirir atenção plena entre tantos outros. Mas não basta sentar-se em silencio, é preciso muito mais, é preciso até mesmo aprender a respirar!

Todas as pessoas, de qualquer idade, crença religiosa/espiritual pode aprender e praticar as diferentes técnicas de meditação. Para obter seus benefícios físicos, mentais e espirituais é necessário ter o acompanhamento de um bom professor para avaliar seu progresso e corrigir vícios, boa vontade para vencer os desafios e obstáculos mentais e disciplina. 



REFERENCIA:

www.integrallife.com

sexta-feira, 17 de abril de 2015

MINDFULNESS NAS EMPRESAS


Práticas Contemplativas no Trabalho

E se você soubesse que as praticas contemplativas como a Mindfulness pudesse ajuda-lo a ter sucesso na sua vida pessoal e profissional? Você sabia que a pratica disciplinada da meditação pode ser muito benéfica para o desenvolvimento da sua carreira?

Não importa qual seja a sua profissão, vivemos tempos em que a cobrança para entregar mais e melhor, trabalhar além do horário, ser inovador e criativo ao mesmo tempo para melhorar a rentabilidade e diminuir os custos é uma constante diária na vida de muitos profissionais. Prazos curtos, relacionamentos difíceis entre colegas de trabalho, sobrecarga de informações, busca pela produtividade e ainda temos que nos sentir satisfeitos com o trabalho.

As pessoas a cada dia demonstram sinais de esgotamento, perdendo o foco e a capacidade de concentração, com isto a saúde se debilita, o poder de resiliência diminui, fica difícil manter-se neutro ou encontrar uma saída para não sofrer com o stress. Ao final de um dia, as pessoas estão presentes no corpo, mas não no espírito. No final da semana, a criatividade, a energia e o nível de atenção estão esgotados.  Para quem é líder de equipe, a situação piora, ao final de um período resultados negativos podem levar a perda da liderança consciente, da vantagem competitiva e da criatividade para programar novos projetos com sucesso.

Altos níveis de stress, também significam aumento nas despesas com a saúde, o “Journal of Occupational and Enviromental Medicine , 1998” já apontava um aumento nos custos com a saúde na ordem de 50% devido a transtornos relacionados com o stress nas grandes corporações e industrias americanas, isto a quase duas décadas atrás, podemos imaginar como o stress vem causando danos à saúde do trabalhador após tantas crises na economia ao redor do mundo e a ameaça constante de desemprego e dificuldades financeiras.

Quando falamos do stress, estamos falando tanto das reações fisiológicas como das mentais que um indivíduo apresenta como resposta ao instinto “luta/fuga” diante de uma ameaça ou proposta de mudança; principalmente as mudanças profissionais. É comum pacientes ou alunos apontarem o stress diante do feedback de uma avaliação de desempenho, mudanças no organograma, entrada de um novo chefe ou líder, possibilidade de concorrer a uma promoção ou mesmo a notícia de redução do quadro de funcionários. Ao final, o indivíduo percebe que a energia dispendida com o stress foi muito maior do que o resultado da situação, e que se conseguisse manter a neutralidade poderia ter tomado ações que teriam feito diferença no resultado final, denominamos isto de “stress resiliente”. É a forma como o indivíduo percebe e interpreta um evento que determina o stress vivenciado e a ação subsequente.

Um individuo coloca tudo a perder, quando coloca todos os ovos numa única cesta, quando ele cria uma rotina estressante de trabalho, dorme pouco a noite, desenvolve um nível de fadiga que fica difícil perceber controlar quando a crise chega. Aprender a transformar esta situação torna-se essencial tanto para os profissionais como para as organizações, melhorar o desempenho, identificar e capacitar líderes conscientes que minimizem o stress dos membros de sua equipe, pensar de forma criativa e proativa, buscar formas inovadoras de executar as atividades em um mundo organizacional cada vez mais complexo tornou-se prioridade.

MINDFULNESS NO TRABALHO

Uma proposta é a de incentivar o cultivo do stress resiliente, ou seja, motivar o trabalho consciente. E para isto a pratica de Mindfulness pode desenvolver uma consciência intencionalmente focada na maneira como se presta atenção ao momento presente sem criticas ou julgamentos. Manter a mente focada, mesmo que por breves minutos pode trazer informações poderosas ou mesmo surpreendentes, pois possibilita o indivíduo a identificar e minimizar aonde o stress o afeta reforçando suas próprias habilidades para construir capacidade de resiliência.Jon Kabat Zinn da Medical School da Massachusets University desenvolveu um programa para redução do stress baseado na pratica da Mindfulness (MBSR). Uma profunda investigação cientifica tem demonstrado o efeito profundo que a Mindfulness tem de regular a mente e as emoções, afetando tanto a saúde física como a mental. Esta poderosa ferramenta oferece uma abordagem integrada que permite trabalhar o stress físico, mental e emocional, além de desenvolver as ferramentas para lidar ou enfrentar várias doenças.

BENEFÍCIOS  DA MINDFULNESS

A prática disciplinada e regular da contemplação diminui o stress, aumenta a resistência e a clareza, equilíbrio emocional. Protocolos científicos demonstram:

·         Aumento na clareza e no pensamento criativo;
·         Melhora a capacidade de liderança;
·         Melhora a capacidade de solucionar problemas complexos e tomar decisões difíceis;
·         Enriquece a inteligência emocional;
·         Desenvolve a consciência da conexão corpo – mente;
·         Regula o humor, o sistema imunológico diante das preocupações cotidianas que causam fadiga.

Funcionários que participaram do Programa de MBSR nas empresas relataram mudanças nas atitudes, hábitos e comportamentos mentais, diretamente relacionados a mudanças positivas em relação à visão que tinham do trabalho. Perceberam aumento na:

·         Capacidade de responder conscientemente às situações, ao invés da reação automática que tinham anteriormente;
·         Concentração e foco ao trabalho executado;
·         Capacidade de monitorar os níveis de stress e na forma de regular e solucionar a situação;
·         Redução das faltas por problemas de saúde;
·         Na moral do ambiente profissional e na qualidade das relações interpessoais;
·         Na Satisfação no trabalho.

BENEFÍCIOS ORGANIZACIONAIS DA MINDFULNESS

Da mesma forma, as empresas que buscaram desenvolver a consciência dos funcionários obtiveram:

·      Aumento na eficácia e abertura para novas ideias e implementações;
·      Antecipação dos problemas; melhor preparo para solucioná-los e melhora nos níveis de aprendizagem;
·      Respostas mais produtivas aos eventos adversos de forma mais flexível, menor rigidez a mudanças.

Assim, percebe-se que as grandes corporações estão a cada dia se conscientizando dos múltiplos benefícios das praticas contemplativas que levam ao aumento da atenção plena em suas organizações. Empresas como a Apple Computer, Yahoo!, Texas Instruments, Deutsche Bank, Hughes Aircraft e Google só para citar algumas possuem instituídos programas de treinamento da mente e incentivos à busca de bem-estar organizacional.

Atualmente vemos o stress como parte da nossa vida, seja ela pessoal ou profissional. Então temos que aprender a lidar com ele, assim como lidamos com tantos outros fatores negativos; desenvolver a capacidade seja individual ou coletiva para lidar com os altos níveis de stress, escolher o melhor caminho para acessar os recursos internos para regular as emoções depende acima de tudo de conseguirmos nos manter presentes no momento presente. Pois é no momento presente que conduzimos as nossas atividades, solucionamos nossos problemas, tomamos decisões, enxergamos com clareza e damos rumos à nossas vidas.

PROGRAMA DE MBSR NA EMPRESA


O Programa de MBSR pode ser levado para todo tipo de corporação, sendo adaptado para atender ás necessidades específicas da organização. Uma reunião preliminar permite descobrir a melhor maneira de aplicar o programa para diminuir o stress e melhorar a qualidade de bem-estar dos funcionários. Faça contato e saiba mais.






quinta-feira, 16 de abril de 2015

MEDITAÇÃO ZAZEN




Treinamento em Meditação Zazen
Retornando à Fonte
Dia 9 de Maio

Através da prática, posturas e respiração vamos aprender a nos concentrar e desenvolver o correto alinhamento, calma atenta, expansividade e clareza da mente e do corpo. Através de uma abordagem prática os participantes aprenderão a expressarem a plenitude e a alegria que a meditação Zazen proporciona. Com os ensinamentos do Zen Budismo, todos poderão aprofundar a conexão com o nosso estado natural de serenidade e discernimento que o retorno à fonte proporciona. Apostilado!

Programação:

·           Bodhidharma  - O Fundador
·           O Zen Budismo, suas escolas  e a Meditação Zazen
·           Fukanzazenji – As Regras Universais do Zazen
·           Equilíbrio: Posturas e Respiração
·           Técnicas de Alongamento
·           Técnicas de Relaxamento: Body Scan
·           Os Múdras e o Zazen
·           Constância e aprendendo a estar atento
·           As Ervas Daninhas da Mente
·           Kinhin – A Meditação Caminhante
·           Contos e Koans Zen
·           Estágios da Meditação
·           Indo além da Consciência – o Nirvana

Publico Alvo: Para todas as pessoas que desejam aprender uma técnica clássica de meditação passiva, para o que já praticam meditação, mas querem aperfeiçoar ou avançar na meditação, profissionais e estudantes que querem desenvolver atenção, foco e concentração, diminuição do stress e da ansiedade. Podem participar pessoas de qualquer crença espiritual/religiosa ou mesmo que não tenham nenhuma crença.

Data: 7 de Maio das 13h às 19h

Valor do Investimento: R$ 100,00

Forma de Pagamento: R$ 50,00 de Taxa de inscrição e R$50,00 pago em dinheiro no dia do curso.

Contato: Sonia Ap. F. Santos (Saleela Devi)

Tel. (11) 9 9463 5825 ou pelo E-mail: saleela.devi@gmail.com

Local:  Rua Dona Eponina Afonseca, 130 Ch. Santo Antonio SP/SP

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Dores Crônicas e a Meditação

Quando falamos de dor crônica como as causadas pelas doenças autoimunes, a maioria dos pacientes desejam alguma solução mirabolante,  de ação rápida. Elas querem qualquer coisa que as façam sentirem-se melhor, que proporcionem qualidade de vida e alivio nas dores e outros sintomas.

A dor crônica pode ser grave e debilitante, ela interfere com a capacidade da pessoa exercer todas as suas atividades cotidiana, dificulta muito a sua concentração e pode levar a uma depressão grave.

É preciso algo a mais que a medicação para proporcionar saúde, bem-estar e qualidade de vida, mais que uma alimentação saudável ou o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento. Um recurso que está sendo amplamente investigado é a utilização disciplinada da pratica meditativa.

A evidência que a pratica da meditação é muito eficaz é esmagadora tanto nos estudos da Esclerose Múltipla, da Fibromialgia, como em outras condições crônicas. Uma pesquisa na área da Neurologia (2010; 75; 1141-1149) demonstrou que a qualidade da saúde, incluindo a incidência de depressão, ansiedade e fadiga diminuíram significativamente nos participantes de um programa de oito semanas de Mindfulness. Outros estudos descobriram que a meditação produz inúmeros benefícios para o cérebro (como o aumento da massa cinzenta, aumento das conexões) além da melhora no funcionamento adequado do sistema imunológico.

Charles L. Raison, MD, diretor clinico do Programa Mente-Corpo na Escola Universitária de Medicina de Emory, Atlanta, acredita que a redução do stress é o componente chave da pratica da meditação que contribui no processo de cura de muitas doenças e promove saúde e qualidade de vida aos pacientes. Ele tem conduzido inúmeros estudos que demonstram que a meditação diminui a gravidade da Fibromialgia e outras doenças autoimunes, “É difícil pensar em uma doença em que o stress e o humor não sejam atingidos” diz Dr. Raison.

Muitas outras pesquisas, incluindo o estudo de Paul Grossman (2007), que foi publicado na revista Science News, descrevem como pacientes que praticaram a Meditação Mindfulness obtiveram uma melhora significativa em sua capacidade de controlar a dor, a depressão, ansiedade e até mesmo os sintomas físicos de suas doenças depois que começaram a praticar a meditação regularmente.

Atualmente ouvimos muitas pessoas falarem dos benefícios da meditação incentivando a pratica. Assim a meditação deixou de ser uma pratica exclusiva dos Yogues e monges. Qualquer pessoa, de qualquer idade, em qualquer lugar pode praticar a meditação. As bancas e livrarias tem inúmeros livros e artigos ensinando alguma técnica meditativa. Mas nada como o acompanhamento de um instrutor ou professor para ensinar a técnica corretamente e dar orientações mais específicas a cada aluno, principalmente para aqueles que estão buscando a pratica com motivos que vão além da espiritualidade, como a busca dos benefícios que a meditação trás aos diversos problemas de saúde.
Então se você que aprender a meditar corretamente, procure um professor que possa ensinar uma técnica mais adequada à sua personalidade ou ao tratamento complementar para seu problema de saúde.











Contato: Sonia Ap. F Santos (Saleela Devi) -  saleela.devi@gmail.com

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E leia também o texto do Dr Paulo http://drpaulo.net/yoga-e-depressao.html

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Culpa e Vergonha

Na língua Pali, usada nas escrituras budistas, - HIRI – que dizer vergonha. Na Psicologia Budista diz-se que vergonha é uma habilidade. No Ocidente, costumamos dizer é um estado bastante doloroso e, portanto nada agradável. Então como pode a vergonha

ser considerada um estado hábil?
Mas a vergonha pode ser uma emoção espiritualmente muito importante, porque quando a usamos corretamente podemos obter felicidade e bem-estar, e desta forma ficamos mais equilibrados emocionalmente para irmos de encontro à realização dos nossos sonhos. Embora a vergonha seja dolorosa , ela pode ser boa para nós. Quando a vergonha surge? Normalmente  quando agimos em desencontro com os nossos valores, faltamos com a verdade, cometamos falhas humanas, magoamos alguém – quando a “ficha cai” tomamos consciência de agimos em desacordo com nosso comportamento usual, surge então uma dor profunda que atinge o fundo da nossa alma. E é exatamente esta dor que pode ser um antídoto poderoso, um remédio amargo que nos cura e nos realinha.

Quando estamos na correria do dia a dia, vivendo ativamente no cotidiano perdemos o contato com os nossos valores mais profundos. Em nossa verdadeira natureza, queremos sim, ser honestos, resolutos, bem resolvidos e benevolentes com os demais. Porém vivemos em um esquema de luta/fuga desde os primórdios dos tempos da humanidade, graças a uma parte do nosso cérebro chamado de cérebro reptiliano, que mantém um alerta, para defender prontamente o seu preciso ser. Mas é também esta parte do nosso cérebro que tem sempre uma desculpa, uma justificativa minimizando nossos atos, falhas e pensamentos.

Uma outra parte de nosso cérebro, uma parte que só os mamíferos tem, mas que no homem é mais desenvolvido – neocortex -, que nos torna verdadeiramente humanos porque reconhece os valores mais importantes como compaixão, bondade, cooperação, que nos torna animais racionais éticos. É justamente esta parte do cérebro que faz com sintamos vergonha, porque reconhece atitudes baseadas no medo, na má-vontade e em todos os comportamentos negativos que destroem a nossa felicidade e a dos outros.

Na Psicologia Budista, usamos a vergonha como um estado emocional saudável quando focamos no ato negativo que praticamos. Praticamos a Metta Bhavana para conosco mesmo, observando que o ato que praticamos não contribuiu para a nossa felicidade e nem a dos outros.

E o que é a culpa para a Psicologia Budista? A culpa é um sentimento voltado para nós e não para as nossas ações. E esta é a diferença entre culpa e vergonha. Na culpa que pode surgir depois de cometida a ação, pensamos que somos  um ser ruim. E o ato cometido é apenas uma justificativa para fundamentar o que pensamos a respeito de nós mesmos, a culpa é uma emoção de ódio por si mesmo.

No Ocidente, a culpa pode ser influenciada pela ideia do pecado original da religião cristã, pois segundo esta visão o pecado original é inerente à nossa própria natureza. Para o Budismo, no entanto, nossas tendências não são inerentes à nossa natureza que é em essência pura, porém obscurecida pelas nossas inabilidades. Esta forma de pensamento a respeito do ser humano nos trás um profundo alívio.
Somos como diamantes brutos, prontos para sermos lapidados, isto muito trabalho, árduo até! Porém não significa que nascemos maus e viveremos sob este estigma para o resto de nossas vidas, nada é fixo, nada é permanente, nem mesmo os conceitos que fazemos de nós mesmos.

Por isso que é maravilhoso sentirmos vergonha! Ela nos coloca frente a frente com nosso comportamento, tomamos consciência dele, podemos tomar uma atitude, podemos nos corrigir, podemos mudar. Não há nenhuma razão para sentirmos vergonha de termos vergonha! O sofrimento é apenas um alerta - faça o que tem que fazer, peça desculpa, perdoe, recomece, tente de novo, faça diferente, repare o erro! Aproveite que a vergonha permite que você se reconecte com a parte mais profunda do seu ser, aquela parte aonde vivem nossos valores verdadeiros!
Saleela Devi - Psicoterapeuta


sábado, 4 de abril de 2015

MINDFULNESS e CONSCIENCIA

Como a Meditação Budista Destrava nossa Sabedoria Natural e compaixão
Sogyal Rinpoche



No ensinamento de Buda, é dito que todos nós estamos naturalmente dotados de sabedoria sem limites, compaixão imensurável e, infinito poder ou capacidade. No entanto, porque perdemos contato com essas qualidades interiores, raramente arranhamos a superfície do potencial que possuímos. Quando entramos em contato com a nossa verdadeira natureza, podemos, no entanto entrar em contato com nosso ser e nos colocarmos no verdadeiro serviço a benefício de todos. Não só para nós mesmos e nossos próprios interesses, mas também para atender aos outros e as suas necessidades. Então, primeiro, a fim de ajudar verdadeiramente aos outros, temos de ajudar a nós mesmos. Como se diz na tradição Cristã: “A caridade começa em casa”. Podemos começar em primeiro lugar, conhecendo a nossa própria mente. Na verdade, todo o ensinamento do Buda pode ser resumido em uma única linha: domar, transformar e conquistar a nossa mente.

A mente é a raiz de tudo: o criador da felicidade e criador do sofrimento, o criador do que chamamos de Nirvana e o que chamamos de Samsara. Samsara é o ciclo da existência, do nascimento e da morte, caracterizada por sofrimento e determinado por nossas emoções destrutivas e por nossas ações nocivas. Nirvana é literalmente, o estado além do sofrimento e da tristeza; ele pode ser dito ser o estado de Buda ou a própria Iluminação.

Como um grande mestre diz: “Samsara é a mente voltada para o exterior, perdida em suas projeções;... Nirvana é a mente voltada para dentro, reconhecendo a sua verdadeira natureza”. “Mente voltada para o interior” não significa tornar-se introvertido; significa realmente a compreensão da mente, em sua verdadeira natureza. Porque quando falamos sobre a mente, existem dois aspectos principais: o aparecimento da mente, e da essência ou natureza da mente. Sua Santidade o Dalai Lama frequentemente descreve estes dois aspectos como – “aparência e realidade”. A maioria de nós acha que os pensamentos e as emoções são a mente. Mas os pensamentos e as emoções são apenas a aparência da mente, como os raios do Sol, ao passo que a natureza da mente é como o próprio Sol. Quando estamos perdidos na aparência da mente, não temos ideia do que a essência da mente realmente é. Assim, o ponto crucial é a direção na qual a nossa mente está ligada: se ele está olhando para fora, perdido em pensamentos e emoções; ou vendo interiormente, reconhecendo a sua verdadeira natureza. Se você domar, transformar e conquistar sua mente então você vai transformar suas próprias percepções e sua experiência. Desse modo as circunstancias e até mesmo as aparências externas começarão a mudar e aparecerão de forma diferente.

MEDITAÇÃO MINDFULNESS

Uma das melhores maneiras de domar nossa mente é através da abordagem única e profunda da meditação na tradição Budista do Tibet.

A primeira e mais básica prática da meditação é permitir que a mente estabeleça-se em estado de “permanência calma”, onde vai encontrar a paz e a estabilidade, e pode descansar no estado de não – distração, que é o que a meditação realmente é. Quando você  começa a meditar, pode usar um apoio: por exemplo, pode olhar para um objeto ou uma imagem de Buda, Cristo, Krsna, aquela que tiver referencia à sua religiosidade; ou de forma leve e consciente observar a própria respiração, o que é comum a muitas tradições espirituais.

O que é muito importante, os grandes mestres budistas sempre aconselham, busque não fixar a mente centrada na permanência da calma. É por isso que eles recomendam que você coloque apenas vinte e cinco por cento de sua atenção plena (Mindfulness)  na respiração. Assim você pode notar que Mindfulness por si só não é suficiente, porque depois de alguns minutos, você pode estar mentalmente conectado com o jogo de futebol que gostaria de estar vendo ou, ainda se tornar estrela do seu próprio filme. Por isso vinte e cinco por cento do tempo da meditação deve ser dedicado a uma vigilância contínua ou chamada consciência vigilante, que supervisiona e verifica se você está consciente da sua respiração. Os restantes cinquenta por cento da sua atenção é deixada nos espaços.

Naturalmente, as porcentagens exatas não são importantes quanto o fato de que todos esses três elementos – Mindfulness, vigilância e espaço. Eles devem estar presentes.

Gradualmente, à medida que são capazes de descansar a mente naturalmente em um estado de não-distração, você não vai precisar do apoio de uma imagem ou da respiração. Mesmo que você não esteja dando atenção especial a qualquer coisa, ainda há alguma presença de espirito, que pode ser vagamente descrito como – um centro de consciência.

Esta presença sem distrações da mente é a melhor forma de integrar a sua meditação na vida cotidiana, enquanto você está andando ou comendo, cuidando de outras pessoas – seja qual for a situação. Quando você traz a consciência para suas atividades, distrações e ansiedades desaparecem gradualmente, e sua mente se torna mais pacifica. Ela também irá trazer-lhe uma certa estabilidade dentro de si mesma e uma certa confiança com o qual você pode enfrentar a vida e a complexidade do mundo, com compostura, facilidade e humor.

MÉTODOS PROFUNDOS PARA TRAZER LUZ À NATUREZA DA MENTE

Então, no nível mais profundo, podemos dizer que a meditação é usar a mente para reconhecer a mente. Ou que, ela está simplesmente descansando no seu estado natural no momento presente, sem manipular ou maquinar. Há um ditado maravilhoso ensinados por grandes mestres do passado. Eu me lembro de quando ouvi pela primeira vez o que uma revelação era, porque nestas duas linhas está mostrado tanto o que a natureza da mente é e como cumpri-la, o que é a prática da meditação no nível mais profundo. Em tibetano, é muito bonito, quase musical: chu ma nyok na Dang, sem M acho na de – significa mais ou menos – “Água, se você não mexer, ficará clara, a mente deixada inalterada, encontrará a sua própria paz, bem estar, felicidade e contentamento”. O que é mais incrível sobre esta instrução é sua ênfase na naturalidade e em permitir que a nossa mente simplesmente seja, inalterada, sem mudar absolutamente nada. Ainda há outra maneira de descrever a profunda meditação: permitir-se ser simples e claramente presente em face de tudo o que surgir: pensamentos, sensações e emoções. O segredo é exatamente onde sua mente é: se você está perdido nas aparências da mente – os pensamentos e as emoções – ou se você está descansando na essência da sua mente – em sua verdadeira natureza, em seu verdadeiro ser através da meditação, quando você atingir o estado de transcendência, você simplesmente descansa, tanto quanto você puder, na natureza da mente, este estado mais natural, que é sem qualquer referencia ou conceito, a esperança ou o medo, mas com uma confiança tranquila, mas crescente, a forma mais profunda de bem-estar que se possa imaginar.

Como os pensamentos e as emoções desaparecem como as nuvens, assim seu verdadeiro ser é revelado, brilhando a partir de sua própria e verdadeira natureza como o Sol. E, assim como a luz e calor do Sol, sabedoria e compaixão irradiam a partir da natureza mais íntima da mente. Uma vez que você tenha atingido o estado de sabedoria transcendental, além do seu ego, é como se você tivesse atingido o cume da montanha mais alta, de onde se tem uma vista total de tudo, bem como, um entendimento sincero e insights sobre as necessidades dos outros. Chega uma grande abertura no seu coração em compaixão, infundido com um amor profundo e penetrante. Quanto mais somos capazes de compreender a natureza de nossa mente, mais iremos descobrir a nossa sabedoria, compaixão incomensurável e capacidade infinita, e assim desenvolver uma força interior que é profundamente nutritiva. Como nos relacionamos, que é revelado como nossa bondade fundamental, o nosso bom coração. A bondade, compaixão e amor simplesmente exalam. E quanto mais integramos a pratica conscientemente em nossas vidas, mais vamos descobrindo que não só estamos em contato conosco mesmo, mas completamente em contato com os outros. A barreira entre nós mesmos e os outros se dissolve. A negatividade é desarmada, chega a um auto perdão, e todo o mal em nós é removido, para que nos tornemos verdadeiramente útil e capaz de estarmos a serviço dos outros.

REFERENCIA: International Conference of Mindfulness & Awareness Bringing Wisdom into society

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