O cérebro e
a Meditação –
A ciência
comprova que meditar todos os dias faz bem ao cérebro
Escrevo muito sobre meditação e entre tantas
técnicas muito sobre Mindfulness e Loving Kindness porque acredito muito nos
efeitos benéficos delas. São mais de 2.000 estudos e pesquisas sobre o assunto.
Muitos são sobre as descobertas da neurociência. Nunca se pesquisou tanto, isto
é incentivador!
Infelizmente ainda tem muita gente cética a
este respeito. Por isto continuo a escrever e a salientar a importância da
meditação, sentar todos os dias de forma disciplinada e perseverante, procurar por um bom instrutor
faz toda a diferença tanto na vida pessoal como na profissional. Muda a forma
como você vai se relacionar com as pessoas, trabalhar em equipe, lidar com os
problemas e obstáculos da vida. Meditar aumenta a Compaixão, muda a forma como
passamos a ver a vida, traz um estado de plenitude e calma, aumenta a
concentração e foco. Poderíamos até parar por aqui!
Mas você sabia que a Neurociência descobriu
que o nosso cérebro é plástico, e que meditar todos os dias causa transformações
na estrutura do cérebro? Conheça seu cérebro:
·
A parte do cérebro que permite que olhemos para as coisas com uma
perspectiva mais racional, lógica e equilibrada chama-se Córtex Pré Frontal
Lateral. Esta é a região que modula as respostas emocionais, principalmente as provenientes
do medo, substituindo os comportamentos e hábitos do piloto automático,
diminuindo a tendência que temos de levar as coisas tanto para o lado pessoal;
·
Outra parte do cérebro pesquisada é a Medial Córtex Pré Frontal,
que é a parte que processa as informações relacionadas a você, mesmo quando
estamos sonhando acordado, ou sonhando com o futuro, fazendo reflexões sobre
nós mesmos, interagindo socialmente ou sentindo empatia – é conhecido como Centro
de auto referência.
·
A parte envolvida no processamento das informações relacionadas a
você e as pessoas que você vê como semelhante a você chama-se Córtex Pré Frontal
Ventro Medial. Esta parte nos faz levar as coisas para o lado pessoal. Esta área do cérebro tem funções muito
importantes – aqui alteramos através de práticas de concentração a superação da
ansiedade, depressão e hábitos nocivos, porém aqui que surgem as ruminações
mentais, preocupações exacerbadas, pensamentos fantasiosos, emoções depressivas.
·
A parte envolvida no processamento das informações relacionadas na
forma como você vê as pessoas que considera diferentes de você é o Córtex Pré
Frontal Dorso Medial. Aqui estão envolvidos o processo de empatia e a
manutenção das relações interpessoais.
·
O controle das sensações corporais é feita pela Ínsula. Junto com
outras partes do cérebro temos o processamento de como iremos responder às
sensações do corpo (bom ou ruim?). Também está envolvida na forma como sentimos
e experimentamos a empatia.
·
O sistema de alarme do cérebro está na Amígdala, principalmente no
que se refere ao medo. É a parte que processa a nossa resposta emocional inicial
e as reações (luta fuga ou enfrentamento).
É comum na primeira aula de meditação, os
alunos iniciantes demonstrarem como são mais propensos a assumirem que tem um
problema (relacionado ao sentimento de segurança) quando sente ansiedade,
coceira, formigamento etc. também alega estarem preso a pensamentos ruminantes,
sobre erros cometidos, situações do passado, a importância sobre os que outros
pensam ou sentem e muito mais. Isto acontece porque a conexão entre o centro de
avaliação e o Córtex Pré Frontal Medial é relativamente fraca. Quando o Centro de Avaliação trabalha com sua
capacidade aumentada, ela modula a atividade excessiva do Córtex Pré Frontal
Ventro Medial e aumenta a atividade do Córtex Pré Frontal Dorso Medial – estas atividades
nos levam a tomar decisões mais relevantes, descartamos as informações
duvidosas ou erradas, e vemos as coisas a partir de uma perspectiva mais
equilibrada, diminuímos os pensamentos ruminantes ou fantasiosos, as cismas e
as preocupações.
Porém conforme os alunos vão se tornando disciplinados
e avançados em sua prática, começam a trocar mais experiências positivas. Dificilmente
assumem uma sensação física ou emocional negativa momentânea como um problema. A
ansiedade diminui porque os caminhos neurais que ligam essas sensações
negativas ao Córtex Pré Frontal Medial vão diminuindo. ou seja aumenta a
capacidade de ver as coisas como são realmente e de não responder tão
fortemente às sensações porque o Centro de Avaliação está mais reforçada. Olhamos
para todas as sensações com mais racionalidade em vez de reagirmos automaticamente
baseado do medo e na insegurança.
E quer saber mais:
·
Muitas pesquisas sobre meditação usam o Eletroencefalograma (EEG)
para medir as atividades das ondas cerebrais. E na maioria das práticas
meditativas os padrões de EEG apresentam uma desaceleração e sincronização de
ondas cerebrais, com predominância das ondas Alfa, relacionado ao estado de
vigília relaxado (Niedermeyer & Da Silva, 1993), a tensão emocional atenua
ou bloqueia o ritmo Alfa. Praticantes avançados demonstram uma desaceleração
ainda maior com possibilidade de surgimento das ondas Teta. Padrões
consistentes com relaxamento profundo. O ritmo Teta também está associado aos
processos emocionais e indica maturidade relativa dos mecanismos que ligam o
Córtex, Tálamo, Hipotálamo; também é o ritmo conectado à expansão dos estados
de consciência ( Niedermeyer & Da Silva 1993). Muitos praticantes de
meditação continuam a apresentar alterações nos ritmos Alfa e Teta mesmo após o
término da prática (Wallace et all,1971).
·
O estudo de Timmons e seus colaboradores compararam diferentes
tipos de meditação e descobriu que a diafragmática ou a respiração abdominal
profunda está associada à resposta do ritmo Alfa. A respiração é um objeto de
concentração muito importante nas práticas meditativas orientais.
Graças as descobertas da Neuroplasticidade
nós agora sabemos que temos a capacidade de:
· Reativar
circuitos adormecidos – agora sabemos que nunca esquecemos completamente uma
habilidade desenvolvida. Somente precisamos de um curto período de prática para
reaprendermos a usar;
· Criamos novo
circuito – Novos neurônios responsáveis pelo cheiro surgem em poucas semanas e
substituem os antigos. Sempre que estamos aprendendo algo novo, o cérebro
reforça as conexões neuronais existentes e cria novas sinapses que permitem
maximizar novas habilidades.
· Religa
circuitos – Partes de seu cérebro que foram usadas para uma finalidade podem
ser utilizadas para novas tarefas. É o
caso de vitimas de derrame. (Tive um aluno de meditação com dois AvC graves que
depois de um ano de prática de meditação disciplinada começou a andar sem
precisar de apoio ou bengala, e voltou a dirigir seu carro!);
E ainda existem muitas outras pesquisas,
muitas descobertas e muita motivação para praticar meditação!
Muitos alunos buscam aprender uma técnica por
motivos espirituais, autoconhecimento, outros aparecem simplesmente porque
virão na mídia que meditar é bom e, muitos procuram porque meditar ajuda a lidar
melhor com as dores crônicas, diminui a ansiedade/depressão, a vivenciar melhor
seus graves problemas de saúde e seus sintomas como câncer, artroses etc.
independente do porque procuram, as mudanças que experimentam servem de motivação
para todo o grupo.
Em muitos países aulas de meditação já fazem
parte do curriculum normal das escolas, e inclusive das escolas de nível
superior, como as escolas de administração ou do Curso de Direito nos Estados Unidos.
Como terapia complementar a meditação também já usada como parte do tratamento
em muitas áreas da medicina, aliando-se às praticas integrativas como Reiki e
Yoga.
Ao saber quantas mudanças positivas as
praticas meditativas podem oferecer tanto no nível de saúde física como mental
e emocional fico a cada mais motivada a ampliar meus conhecimentos sobre as
técnicas de meditação, e espero realmente ver a ampliação de seu uso em outras
áreas da vida cotidiana.
Referência:
·
Davidson JM –
A fisiologia
da meditação e estados místicos de consciência – Perspectivas Bio Med 19:
345-79, 1976
·
Niedmeyer E
& Da Silva – Electroencephalograpy: Princípios Básicos, as aplicações clínicas
e áreas afins, Baltimore Willians, 1993
·
Wallace RK –
Efeitos Fisiológicos
da Meditação. Ciência 167: 1751-4
·
Walsh R. - Experiencias
Meditativas Iniciais. Em D. Shapiro & R. Walsh – Meditação: Perspectivas
Clássicas e Contemporâneas New York, 1984
·
Timmons B,
Salamy J, Kamiya – Abdominal Torácica: movimentos respiratórios e níveis e excitação.
Psychonomic Science 27
·
www.psycholoytoday.com
·
www.ejmas.com
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